18.11.03

Uuuuuuuuuuuuuhhhh!!!!!

É mau assobiar a selecção. Sobretudo antes do jogo, muito mau. Mas há coisas piores…
Por exemplo os jogadores virem queixar-se disso. ‘Tadinhos dos “rapazes”, são sensíveis e estão magoados. Mas porque é que os jogadores não aprendem que a sua função é jogar e não falar, que os melhores argumentos que têm são para apresentar no campo e não nas conferências de imprensa? (Começo a ter saudades de quando em frente aos microfones diziam sempre a mesma coisa sem qualquer tipo de conteúdo!) Raramente um jogador deve falar e na maioria das vezes quanto mais fala mais se enterra, seja no campo ou fora dele.
Nunca me hei-de esquecer da maior estupidez que alguma vez vi, e que parece ter sido o início deste fartar-vilanagem de conversa, quando João Pinto caiu na esparrela benfiquista de pedir desculpas aos adeptos por uma derrota pesada. Para mim esse acontecimento foi como ver um porco a andar de bicicleta.
Pior ainda, poderia ser por exemplo, os adeptos garantirem que desde o próximo jogo de preparação até ao último da selecção no Euro 2004, as nossas “meninas” fossem sempre assobiadas à entrada para os jogos. Talvez assim, o mal se tornasse um bem. Afinal, a apoiá-los nunca nos deram grandes vitórias, talvez motivados pelas nossas assobiadelas começassem a correr como nunca correram e a jogar como não costumam jogar. Talvez assim ganhássemos o campeonato, só assim. Talvez assim, mesmo que não ganhassem a prova, mas dignificassem o nosso futebol, talvez então merecessem um forte aplauso, que, melhor seria, receberem-no calados.

17.11.03

Atenção! Atenção! Que querem matar a nação

Oh Portugal, querem acabar contigo…
É verdade. Tu, velho país, que já foste maior que o mundo, que levaste a civilização onde havia barbárie, que trouxeste o que nunca havia sido visto, que descobriste, que exploraste… Tu, grande país, que sempre soubeste viver entre o mar e os outros, subjugando e resistindo, tu, que mantiveste inalterado, por séculos de mudança, aquilo que te fez sempre ser país, ser povo e nação, ser pátria, mátria e frátria… Tu que havias de ainda de ver o dia em que não querem mais que sejas país, nem Portugal, nem nada.
Oh, meu querido Portugal, séculos de grandeza te espreitam do passado, incrédulos no teu futuro. Oh Portugal, que não percebem o que te fez grande e duradouro — porque és autêntico —, não sabem porque razão existes — porque és diferente —, não querem saber da tua essência, querem vender-te pelo menor preço…
Minado por dentro, por cobarde inimigo, vozes se levantam para sorrateiramente acabarem com tudo quanto faz de ti um país sem comparação. Não sabem que és um velho tonto — o próprio rosto da Europa, como te cantaram o Camões e o Pessoa, com as barbas de molho no Atlântico. Não te percebem, adorável brincalhão de olhos salpicados do mar bravio em noites de nevoeiro, que inventas histórias de reis que hão-de vir, para te divertires emocionado. Não sabem que és como uma criança, em busca de desejos, atrás de pulsões, saltitando sem rumo num jardim à beira mar plantado. Corres que nem um doido atrás de uma borboleta africana, para quando a apanhas, a largares de novo livre como antes, censurando os teus pais que já a queriam guardar, presa num alfinete, numa caixa inglesa. Foges de casa por tempo indeterminado e voltas magro e doente, mais pobre que antes, com o brilho nos olhos de quem viu mais que alguns olhos hão-de ver, só porque foste por outro caminho onde já todos iam!
Mas que te interessa os outros e as suas opiniões, as suas regras — para ti não há espaço, nem tempo, não há razão melhor para viver que ser livre e aventuroso e se te disserem que há ouro na lua, não há maneira de te impedir de lá ir, nem que depois te esqueças dele. Porque importante são histórias que trarás para contar, de monstros e beldades, de aventuras e crueldades, de desgraças que não aconteceram por pouco, de mulheres, oh de mulheres lindas de morrer, mais belas que todas as que já viste até hoje, só porque nunca as tinhas visto antes…
Que poderão saber de ti? Porque estás velho e tonto, pensam que já não és tu, pensam que podem colocar-te de lado como fazem aos velhos, como tu, Portugal. Porque é que não te levantas e falas? Porque não lhes mostras como é viver? Como se vive em Portugal? Mostra-lhes, a esses estrangeiros nascidos nas tuas entranhas, emigrantes da vaidade que pensam poder pôr-te na ordem como a uma criança, ou arrumar-te num canto como a um velho. Mostra-lhes a alegria de acordar, o prazer de estar mais um pouco, de esperar por ir embora, de cortar mais uma fatia de pão, de beber mais um pouco de vinho e ouvir o vento invejoso nas oliveiras do caminho. Mostra-lhes como se cumprimenta o sol sem tirar o chapéu, como se arranja comida para mais um que acabou de chegar. Explica-lhes que uma amizade não se faz com hora marcada, que o amor não obedece ao tempo, que a vontade de fazer alguma coisa é mais importante que a maneira de a fazer — que um filho não se faz por decreto. Diz-lhes como se amassa o pão — que já não sabem — porque o pão que amassamos é como a cama que fazemos, e só assim sabemos que não foi o diabo. Diz-lhes que a felicidade não é quando tudo corre bem, mas sim quando tudo acaba bem e que dá mais gozo a felicidade por um triz, que um triz de felicidade. Explica-lhes que não é por obedecer a leis que se tornam menos porcos, que não é por cumprir regras que ficam melhores, não é por andarem de nariz no ar que são mais espertos. Diz-lhes que não é por darem aos outros o nosso governo que havemos de nos governar melhor!
Oh Portugal, que século trágico para ti, este! E como tu gostas disso, sempre com a ilusão que ontem é que foi bom e que amanhã será ainda melhor… Mas pode não haver amanhã. Podes não resistir Portugal, porque querem fazer de ti um bom aluno, asseado, pontual e cumpridor, eficaz e honesto e até rico, imagina bem! Não te rias Portugal, velho tonto… Ris-te porque sabes mais que eles todos juntos… Quase mil anos de história e tradição não se apagam assim.
Resiste Portugal, resiste que quando os romanos cá chegaram já nós tínhamos o pão nosso de cada dia, o azeite que nos alumiava e o vinho que nos aquecia. Por aí não nos ensinaram nada. E os mouros só se aproveitaram os que cá moraram. Os espanhóis não se demoraram como não se demoram. E tu Portugal ainda hás-de mostrar a todos que para viver… é preciso, por vezes, dar um par de estalos na mãe, deixar para amanhã o que não vale a pena fazer hoje ou ganhar um pouco de tempo olhando para o sol, a pôr-se, por cima da praia a pensar que se houver um caminho marítimo para a lua havemos de o descobrir.

14.11.03

Paulo Portas pode substituir José Castelo Branco

Algumas prisões do país manifestaram o desejo de querer ZeCaBra detido nas suas instalações. Ao que conseguimos apurar, os detidos portugueses reclamam o facto de só alguns terem tido como companheiro de cadeia José Castelo Branco, que ao que parece fez furor durante o tempo em que esteve detido. Alguns jornais afirmaram que ZeCaBra estaria de rastos devido á sua detenção, mas, ao que parece tudo foi mentira e ZeCaBra foi dignamente recebido. Um familiar nosso, também ele detido mas heterosexual, explicou com muita emoção tudo o que se passou quando ZeCaBra chegou: "Ele chegou acenando para todos nós com uma simpatia digna de uma estrela", introduziu a nossa fonte, "trajado a rigor (fio dental e salto alto) o Zé fez sucesso durante o tempo que cá esteve, chegando mesmo a afirmar que tinha pena de ir embora pois todos tinham gostado dele e ele gostado de todos, mas em especial do Barrote (um negro com dois metros condenado por violação) que o tratou muito bem, excepto em relação ao facto dos preservativos terem rebentado, pois a sua validade tinha acabado em 1987" afirmou a nossa fonte em remate final. Devido a tudo isto, prisões de todo o país reclamam agora o direito a receber nas suas instalações o... homem... aliás... o ser que mais animação e dinamismo trouxe aos estabelecimentos prisionais portugueses. Algumas prisões avançaram ainda com a hipotese de negociar um acordo de compensação, caso Paulo Portas venha a ser detido.

8.11.03

Jóias que ninguém quer

O famoso e másculo José Castelo Branco foi detido por transportar jóias não declaradas. Segundo o que apurámos, as jóias na sua maioria piercings para zonas húmidas com diamantes e pérolas, os adereços ideais para as partes baixas do corpo humano, que segundo as más línguas (ou boas línguas...já não sei) é a área que ZéCaBra (diminutivo de José Castelo Branco) domina há mais tempo. As autoridades portuguesas responderam: "não estamos para paneleirices". Indignada com a situação, Teresa "Tarada por putos" Guilherme, amiga de ZéCaBra, saiu em sua defesa afirmando que ZéCaBra nada tinha a ver com paneleirices, e que o facto dele estar casado com uma velha em putrefacção, não quer dizer que ele seja homossexual, até porque este casamento serve de fachada, não para esconder a rabetice, mas sim para encobrir o verdadeiro amor de ZéCaBra, a voluptuosa Belle Dominique, também conhecida pelo "paneleiro do minas e armadilhas", "mas ...isso agora não interessa nada" rematou Teresinha. A também famosa e entesuada Elsa Raposo (considerada por muitos a única gaja do planeta a ser dona de um património em plástico e silicone superior à "tupperware"...adiante) não deixou de apoiar ZéCaBra afirmando, que ela também namora um velho em decomposição não sendo lésbica. A verdade é que nem ZéCaBra nem El Rapo gostam de jóias... pois sim, são eles as jóias da coroa que ninguém quer.

PS-Iremos muito brevemente revelar a história que relaciona duas pessoas que são uma só: ZéCaBra

5.11.03

O grande desígnio: vai e compra!

Hoje ante-estreia a terceira parte da saga Matrix. Antigamente os filmes eram únicos, como qualquer obra de arte. Por vezes a regra era quebrada como acontece também nas obras de arte (trípticos). Mais tarde introduziu-se as sequelas, depois as prequelas, hoje os filmes aproximaram-se das séries.
Como a estreia é mundial adivinham-se milhões de fans a quererem ser os primeiros a ver o filme. Filas enormes para compra de bilhetes, gente que se acotovela devido ao excessivo número e salas lotadas com gente para ver e ouvir as novidades do mundo Matrix. Nada disto é confortável, nada disto dá prazer a não ser o simples facto de serem dos primeiros a assistir ao filme. Comparado com 8 horas de fila, ao frio, durante a noite para comprar o novíssimo disco de um qualquer cantor ou cantora popular, até que nem é um grande sacrifício. Porém, o filme vai estar em cena durante muito tempo em cinemas calmos e arejados e o disco mesmo que esgote, numa questão de dias voltará a estar nos escaparates. É óbvio, que isto nem sequer é parecido com o sacrifício de comprar um bilhete de concerto ou de futebol. O concerto é unico, o jogo também, como o seria uma edição limitada de um disco, ou a possibilidade de o autor o autografar (e mesmo assim!). Então porquê esta fúria consumista? Porquê estes sacrifícios para alcançar algo tão efémero e etéreo, quando o consumismo deveria ser prazer e conforto?
Suponho que este é o mundo em que vivemos. Onde algo tão aparentemente fútil é a almejada marca de distinção que alguns buscam independentemente do sacrifício. São causas, são motivos para se superarem, são medalhas que se ganham, feitos que se conquistam... E aqui estamos nós reduzidos à pequenês da Ilíada dos pobres de espírito. Restam as questões: será que isto demonstra que nos nossos tempos, até o comum dos mortais pode ter um feito a alcançar, como noutros tempos nunca teve por falta de condições, liberdade, etc., ou quer isto dizer que apenas deixámos de pensar grande para pensar e fazer mesquinho? E o individualismo destes feitos, não serão a causa da sua redução? E os marinheiros portugueses das descobertas? E que mais poderá haver para conquistar senão isto? E os heróis actuais?...
É o mundo que temos... ou fazemos?