30.1.08

29.1.08

Coisas que oiço dizer

Como Sócrates disse: só sei que nada sei. Acho que foi isso que ele disse... Foi isso não foi? Bom, não sei, adiante...

21.1.08

Coisas que oiço dizer

Se o fez, não o devia ter feito. E se não o fez que fizesse.

19.1.08

Do crítico acirrado

É um crítico acirrado do funcionamento da democracia, apesar de defender a ditadura.
É um crítico acirrado do funcionamento da igreja católica, apesar de ser ateu.
É um crítico acirrado do funcionamento do mercado, apesar de ser comunista.
É um crítico acirrado do funcionamento do país, apesar de ser estrangeirado.
É um crítico acirrado do funcionamento do penico, apesar de cagar sempre fora dele.
É um crítico acirrado da manjedoura, mas aí, ele sabe do que fala.

16.1.08

O aeroporto — resumo alargado

Embora longo e cheio de percalços o processo que conduziu à escolha do novo aeroporto parece-me ter chegado a bom porto. Revisitemos o historial:

Check In
Em Portugal, as grandes obras são tradicionalmente decididas pela fé e não por razões técnicas ou políticas. Tome-se o exemplo do Mosteiro da Batalha: D. Nuno Álvares Pereira escolheu o sítio onde deveria ser construído o Mosteiro, atirando a espada ao calhas e onde ela caiu mandou fazer o mosteiro. Com os estádios do Euro2004, foi igual.

Começou a pensar-se num novo aeroporto em 1960 e troca o passo. Fizeram-se estudos, compararam-se localizações, gastaram-se rios de dinheiro e finalmente técnicos e políticos foram unânimes: a melhor localização para o aeroporto era um pântano num vale profundo que dá pelo nome de Ota. Um sítio onde os aviões tem que aterrar de lado para não baterem nos montes que cercam o local.

Apertem os cintos

Chegado ao governo, José Sócrates, escaldado com a política de zigue-zague de Guterres, apostou nas decisões rápidas com avanços determinados. E assim, analisou o projecto Ota e, como bom engenheiro que é, pareceu-lhe bom e decidiu avançar.

Mas afinal, a Ota era apenas a melhor localização para o aeroporto, desde que, não houvesse alguém que realmente quisesse fazer o aeroporto. A partir do momento em que todos perceberam que a obra ia avançar, o País interessou-se pelo assunto. À laia do programa Novas Oportunidades, todos os portugueses se tornaram especialistas em navegação aeroportuária e construção de grandes obras em geral. Mas como o governo insistia em fazê-lo na Ota, a população era contra. Fosse lá o que isso fosse.

Dor de ouvidos
As sondagens nunca enganaram ninguém: 50% dos portugueses são contra a construção de um novo aeroporto e os restantes são contra a existência do actual. Todos foram unânimes em considerar que se os políticos e os ricos querem andar de avião, a Portela chega perfeitamente. Acrescentando: “eles que se apertem um bocadinho...”

Embora os técnicos digam que a Portela vai esgotar, todos sabemos que a Portela é um bocadinho como o petróleo: está sempre para esgotar, mas vai dando e dando... Apesar de também ficar cada vez mais cara. E desde que não se viva por baixo da rota dos aviões, ou seja em Lisboa, a Portela é o melhor sitio do mundo para ter um aeroporto. É mais fácil Lisboa cair de podre que um avião cair em Lisboa, por isso não há problema. Esta sempre foi a opinião de rua no Porto. O Porto sempre foi parte interessada no assunto porque o governo quer construir um aeroporto e não um “aerolisboa”. Daí o interesse da Associação Comercial do Porto que defendia a Portela mais um qualquer.

Nas nuvens
Já o interesse das gentes do Oeste sempre foi o de puderem ir ao domingo ver levantar os aviões, para além de estar tudo à espera de enriquecer sem ter que evoluir como é seu apanágio.

Com a sociedade civil toda empenhada neste projecto nacional — dez milhões de cabeças a pensar é sempre melhor que dez milhões de cabeças simplesmente a usar chapéu —, surgiu uma nova localização nunca antes pensada. No fundo, um ovo do Colombo no Campo de Tiro de Alcochete. Ou seja, um tiro em cheio no porta-aviões.

A Confederação da Indústria Portuguesa, que encontrou o local por acaso, decidiu avançar com um estudo, apresentou-o ao governo que o mandou para o Laboratório Nacional de Engenharia Civil que fez outro estudo em apenas seis meses e destruiu mais de quatro décadas de enganos.

Check Out
E aqui chegamos aos pontos positivos de tudo isto:
1. Em Portugal, as obras já não são feitas à toa;
2. A sociedade civil já participa e tem influência nos processos de decisão;
3. Existe uma sociedade civil (mas estamos sobretudo a falar de engenheiros civis e de aviação civil, por isso ainda bem que existe);
4. Quando uma solução melhor aparece, o governo escolhe-a apesar de ter defendido ao absurdo a solução anterior;
5. Quando uma solução é boa leva seis meses a estudar, quando é má leva mais de 40 anos.

Este foi o processo para a escolha do sítio. Agora vai começar o processo para a construção...