27.2.08

Diário de um homem banal

09:00 – O despertador é o carrasco dos tempos modernos. Se agora, estivesse aqui, uma mulher, seria como juntar a fome à vontade de comer.
10:00 – Já me masturbei, já tomei banho e estou relaxado e preparado para ir trabalhar.
11:00 – Estou excitado com a secretária que hoje trás um top desmazelado e umas calças descaídas. Estou a tentar trabalhar e está a correr bem.
12:00 – Estou muito excitado com a secretária. A culpa é dela que veio buscar uns papéis, mesmo por cima de mim.
13:00 – A secretária saiu. Estou muito excitado com a minha colega. Hoje trouxe um decote de bradar aos céus.
14:00 – Estou a empanturrar-me com Mão de Vaca com Grão e sinto-me bem. A cerveja, e depois o café, ajudam-me a manter a consciência. Nunca me canso de confirmar que a empregada do restaurante é muito gira.
15:00 – Estou muito cheio. Se calhar, é melhor voltar ao emprego. Desde que aqui estou, passaram duas gajas perdidas de boas e estive a galar uma miúda muito gira que estava sentada à minha frente.
16:00 – Ainda mal me consigo mexer, mas estou muito excitado com a secretária.
17h00 – Fui beber café com a secretária e acho que a coisa está bem encaminhada. É pena ser casada.
18h00 – Estou cansado de trabalhar. Esta gente dá cabo de mim. A minha colega é muito boa, mesmo. Vou convidá-la para ir beber umas imperiais.
19h00 – Já bebi duas imperiais. A minha colega não quis vir. Mas o camafeu da empregada do bar parece-me cada vez mais, assim… Exótica! Meu Deus, eu dava cabo da minha colega com muito carinho e muita dedicação, mesmo em cima da secretária dela.
20h00 – Estou atrasado para o jantar. Este metro está cheio de gajas boas, em apenas cinco estações consegui galar duas e nem olhei para o escândalo que ia ao meu lado com um rottweiler sem açaime. Estou muito excitado.
21h00 – Este vinho é fantástico, as entradas estão deliciosas. Mandei vir picanha da boa. Não há como um jantar de amigos com boa conversa.
22h00 – O que é que eu estava mesmo a dizer?…
23h00 – Estou muito satisfeito. Vou fumar um cigarro.
24h00 – O que me apetecia agora era uma gaja. Até podia ser só para falar um bocado que eu ainda estou cheio. É que estou farto de falar com estes gajos.
01:00 – Última chamada para aparecer uma gaja aqui ao meu lado… OK. Venha o Jameson. Com uma pedra de gela se faz favor.
02:?? – Não é nada disso… As gajas são é tramadas. Queria outro se “fbás bfavor”. Sim, com uma pedra. Não, meta “muto” gelo…
- Agora uma pedra, mas pequena que a noite é longa. Ei? Ia ali uma gaja perdida de… É haxixe? Pólen, parece-me bem. Queres que enrole? Aquela é boa, é…
- Olha ali aquela com as calças por baixo do cu. Ahahaha. Eheheheh. Aquela é gira… Muito gira. Vou galá-la…
- Já não vejo gaja nenhuma, caralho. Onde é que elas se meteram?
- Não sei como cheguei a casa. Só não percebo porque é que tenho uma coisa na minha cama a aleijar-me as costas… Afinal é o travão de mão. Estou um bocado "cganszado"…
- Acho que é aqui…
- …
09h00 – Foda-se! Quem será esta gaja?… Eina, bem, parece uma foca. Eu tenho de ir trabalhar rapidamente… Tenho que a pôr a andar daqui para fora…
-- A minha namorada ficou chateada comigo porque eu não a reconheci. Depois demos uma queca de reconciliação. Vou despachar-me para o emprego que combinei com a secretária ir almoçar com ela…

23.2.08

BUM!

Velho, sempre cansado, pobre e atrasado, Portugal agora, revolve-se sobre si próprio, reivindica, contesta, vai à rua e pede, reclama e estrebucha. Está indignado, está exaltado e diz que não aguenta mais. Está desesperado, desempregado, sem dinheiro, endividado, sente-se a sufocar pelo Estado e pede mudança. Pede que tudo mude para que tudo fique na mesma, se faz favor, porque antes assim que pior. Isto já estava mau e agora, um fulano com nome de filósofo começou a mexer em tudo… A mudar as coisas… E isso, não nos parece nada bem. Nada, nada bem. Onde que isto vai parar?…
Ah, portuguesinho de costas voltadas ao sol, não tenhas medo que haverá sempre fila para a sopa dos pobres. Os ricos não te deixarão passar fome, que isso fica-lhes muito caro.
E tu, Tuga de gema, com aquelas coisas – tu sabes bem – na consciência, não te apoquentes que eles não hão-de descobrir como se lê o pensamento. Não temas. Só tens que não morder a mão que te dá de comer. E se morderes, morde com carinho, que nunca soubeste morder de raiva. Porque nem sempre ela te dá de comer. Sabes como ela por vezes te dói? Tens que te portar bem. E como gostas tu, de te portar bem apesar das mentiras que contas…
E tu velho do Restelo, que passas os dias a maldizer tudo e todos, resmungando entre dentes o que não tens coragem de dizer alto e bom som, para poderes dizer depois que bem tinhas avisado. E avisas tanto…
Esperam a bomba, o bum, a desgraça, desgraçadinha que há-de fazer correr o sangue nas valetas? Se passar de uma tempestade rezam a Deus, vão agora esperar o apocalipse? Sempre vos bastou o fim do mundo a que sempre estiveram habituados a ser. Mesmo depois de provarem que havia mundo para além de nós outros… portugueses!
Ah, Portugal, a província de maior sucesso do que havia de se chamar… Como é mesmo? “Espana”, “hespanha”, “spain”? Nada disso: União Europeia! Onde és bom aluno? Um bom aluno que faz batota… Quem diria? Portugal, de Portucale, quem diria que um dia, havias de pertencer à Europa. Ah, como os países ibéricos sempre tiveram importância. Que seria da Europa sem a península do lince da Malcata onde ele já não existe e do Neandertal que aqui se perdeu no tempo? Pouco. Pouco mais.
Como vais tu Portugal, por estes dias do século XXI, quase novecentos anos de história? Como vai isso? Está-se bem, velho?

Estou longe de considerar que o reconhecimento do Kosovo corresponda aos nossos interesses nacionais. Por muito que isso pareça contra-intuitivo em relação à nossa história, não é do interesse nacional qualquer coisa que ajude à fragmentação da Espanha.
José Pacheco Pereira, Público, 23/02/ 2008

Estou certo que muitos dos espectadores europeus destas séries, que acreditam na reencarnação e em forças superiores, são os mesmos que protestam contra a antiga religião oficial do seu país, que comentam os "disparates" de Roma ou da sede da sua igreja nacional enquanto lêem o horóscopo ou verificam a harmonia feng shui dos móveis lá de casa.
Eduardo Cintra Torres, Público, 23/02/ 2008

Madalena Barbosa não foi nunca ministra, não foi nunca secretária de Estado, não foi nunca presidente da comissão. Mas foi determinante e única para o espaço de liberdade e de igualdade que nos últimos 30 anos foi conquistado pelas mulheres portuguesas.
São José Almeida, Público, 23/02/ 2008

E o bastonário da Ordem dos Advogados pode e deve ser a voz das preocupações dos cidadãos quanto a este nevoeiro no funcionamento da máquina da Justiça. Mesmo sabendo-se que "nem tudo o que parece, é" e que "nem tudo o que luz é ouro". E que haverá "fumo sem fogo".
Francisco Teixeira da Mota, Público, 23/02/ 2008

O apoio imediato da Rússia à independência da Abkházia e Ossétia do Sul e as declarações dos líderes do País Basco e de Nagorno Karabakh não são um bom augúrio.
Rodrigo Tavares, Público, 23/02/ 2008

No fundo, os senhores da Sedes não percebem que nenhuma "crise social" (que fazem eles senão descrever sem grande originalidade a que neste momento vivemos?) põe em perigo o suave arranjo da política portuguesa, enquanto Portugal pertencer à "Europa": e os partidos sabem isso muito bem. O destino de Portugal é, como sempre foi, apodrecer ao sol.
Vasco Pulido Valente, Público, 23/02/ 2008

Então porque diz a lei feita sob o mandato de Costa que as autarquias têm de apresentar um "plano de saneamento financeiro para o período a que respeita o empréstimo", neste caso os tais 12 anos? Talvez porque na altura o autarca era ministro e, às vezes, o feitiço se volta contra o feiticeiro.
José Manuel Fernandes, Público, 23/02/ 2008

19.2.08

Punhetas de bacalhau*

Recentemente acabei com a relação mais antiga que tinha. Fartei-me dela e troquei-a pela mão esquerda. Mas não é a mesma coisa.
É verdade que sabe bem experimentar coisas novas mas a esquerda não é tão eficaz como a direita. Uma das grandes novidades é o ritmo da esquerda, muito mais entusiasmante. Por isso, agora faço todo o trabalho com a esquerda, mas acabo o serviço com a direita, enquanto a esquerda apanha os despojos. Assim, ultrapasso dois problemas: o meu velho conhecido final — que é uma parte delicada do processo —, e a inclinação.
Todos os homens têm uma inclinação! O Beethoven tinha inclinação para a música e o Einstein para a física. Já o Camões tinha inclinação para a esquerda, mas era por causa da falta de um olho, e o Sócrates Antigo tinha inclinação para a filosofia. O Sócrates Novo tem inclinação para a direita. Apesar de ser de esquerda... Ele, ao contrário de mim, faz o trabalho todo à direita e depois termina com a esquerda. Assim, a esquerda fica com os louros. Suponho que, como é normal, a direita fique com os despojos…

* O bacalhau foi só para disfarçar

14.2.08

O Melhor do Pior...

O blogue Há vida em Markl lançou um concurso de vídeos para o tema O Pior Acordar do Mundo. Com regras simples e sem exigências técnicas pedia-se “um pequeno filme que documente o pior acordar do planeta”. O passatempo correu agradavelmente bem, com um total de mais de 50 pequenos vídeos muito diversos entre si.
Nuno Markl está de parabéns pela ideia e pelo trabalho que tem vindo a desenvolver no seu blogue que conta já com uma extensa comunidade de adeptos que frequentam o blogue, ouvem os programas de rádio e seguem a carreira de Markl e as suas inúmeras participações, desde o Sexta à Noite ao Dança Comigo. Considero que na carreira de Nuno Markl, vale sempre mais a sua dedicação e esforço do que os resultados obtidos. Prezo muito a sua dedicação ao humor e a sua incrível capacidade de trabalho em detrimento dos resultados do seu trabalho que, regra geral, são muito pobres. Mas é claro que o trabalho e a dedicação podem avaliar-se objectivamente enquanto que, a avaliação dos resultados, tem sempre uma grande carga subjectiva. No entanto, ele próprio admite que os falhanços de muitos dos seus trabalhos, são o principal denominador comum da sua carreira. Em sua defesa tenho a dizer que Markl sofre de um problema que o afecta muito: Markl é e quer ser uma espécie de humorista série B, Z e quejandos num país que nem tem uma série A. Por isso dão-lhe trabalhos “mainstream”, quando ele gostaria de estar a trabalhar num sistema que lhe permitisse economicamente dedicar-se apenas ao humor alternativo. Mas estamos em Portugal, coisa que Herman José após ter ficado rico nunca nos perdoou...

As escolhas finais de Markl no passatempo do Pior Acordar do Mundo foram, como é normal, muito criticadas e posteriormente, muito debatidas. Markl não descansa enquanto não responder a todos os insultos por mais descabidos que eles sejam e costuma arrastar as conversas valorizando os poucos descontentes que irão sempre existir. Mas neste caso, como noutros, isso só trás debate, conversa, acessos e isso é bom para quem segue o blogue e para o próprio Markl que para além de estar sempre a aprender com isso, tem no blogue um canal só seu onde pode colocar publicidade e ganhar dinheiro com isso. Coisa que eu acho muito bem. O complexo capitalista nacional contra quem ganha dinheiro com o que faz é ridículo.

As minhas escolhas teriam sido um pouco diferentes das de Markl tal como “cada cabeça sua sentença”. Se há um vídeo que não merecendo para mim o epíteto de melhor, é o mais consensual. Trata-se do vídeo de João Costa que Markl premiou:



É de facto o pior acordar do mundo, este o de acordar com as botas batidas. É uma excelente ideia que responde directamente ao conceito do passatempo. Faltam-lhe no entanto, outras qualidades, já que o autor optou por apenas enunciar a ideia com base em “fotografias” e uma explicação por escrito no final. Ainda assim, acho que este vídeo bate os melhores vídeos de apanhados que concorreram que também respondem directamente ao conceito do passatempo. É o caso destes três vídeos:
Mais sexy, de Rogério Montez

Mais elaborado na partida, de Mariana Abreu

Mais mal cheiroso, de Miguel Pironet


O formato de apanhados é na minha opinião, hoje em dia, tão legítimo quanto o da ficção, e estes vídeos são interessantes e engraçados.

Markl deu o prémio também a este vídeo de José Henrique Timóteo, um dos dois que usa a técnica de stopmotion:


Fiquei com a ideia, talvez errada que o prémio foi para a técnica e não para o vídeo. Aqui discordo completamente. Por um lado não acho que devesse ter sido um critério e não me surpreenderia que isso não tenha passado das aparências. Por outro lado, este vídeo é medíocre, por exemplo, se comparado com o outro vídeo com stopmotion, o de Ricardo Sousa, que é um vídeo muito criativo, dinâmico, não foge ao tema e tem pormenores muito interessantes, alguns deles técnicos. Pelo que eu acho que poderia ter sido por mérito próprio um vencedor se não o melhor a concurso:




Finalmente, o outro premiado por Markl, o vídeo de Ângelo Pinto:


Sendo uma ideia popular, não é uma ideia inteligente, original, nem especialmente atraente para os muitos adeptos do futebol. Nem uma nem outra, nem as duas. Até porque é mal feito a todos os títulos. E nesse caso, haviam outros vídeos a concurso que poderiam ter sido escolhidos em detrimento deste.

António Jorge Gaspar com Being Nuno Marklovitch

O Hélder Medeiros opta por uma solução radical perante um acordar político...

Nelson Fernandes se a interpretação não fosse tão má...


Nota: Por questões que me passam ao lado nunca consegui ver os vídeos de Edgar Barata e José Domingos Ribeiro (“o drama de um estudante universitário”).

12.2.08

Do ensino

Confessa que não sabe mais que um miúdo de 10 anos. É que entretanto, tirou um curso universitário.

1.2.08

Coisas que oiço dizer

Quem tem estômago para isto?
Vasco Pulido Valente, Público, 01/02/2008

VPV, nitidamente, teve uma cólica.