31.3.08

Coisas Tugas

Peguem em pouco mais de vinte minutos do vosso tempo e vejam as duas partes que compõem esta maravilhosa e convidativa reportagem televisiva sobre o nosso adorado Portugal.

Parte I


Parte II

Da incredulidade

— Aposto que és como todos os outros homens…
— Estás enganada.
— Aposto que como todos os homens andas à procura de uma mãezinha.
— Não. Já resolvi o meu Complexo de Édipo.
— Mas de certeza que és viciado em futebol.
— Vejo muito de vez em quando e raramente vou a um estádio.
— Todos os homens mijam no assento da sanita que não levantam…
— Eu levanto sempre o assento, e no final limpo com papel higiénico o rebordo.
— … Aposto que não sabes ajudar uma mulher a limpar a casa.
— Sou eu que limpo o pó, aspiro, lavo a casa de banho e a cozinha, todas as semanas, na minha casa.
— … Muito poucos homens sabem fazer mais que um ovo estrelado…
— Tirei um curso de cozinha e faço o meu jantar todos os dias.
— Tu deves é ser gay!
— … Confesso. Apanhaste-me. Desculpa sair assim a meio de um jantar romântico mas tenho que ir engatar homens. Adeus.

25.3.08

Coisas actuais...

Mas qual era a professora?

Mas não são casamentos pela igreja católica? A inquisição era bem pior que isto...

Pato à Pequim: Smells Like Teen Spirit diz o Dalai Lama.

Quatro mil americanos mortos no Iraque: e os anti-americanistas primários ainda estão contra a guerra?

Lista de possíveis notícias se algum estagiário se enganar e confundir este blogue com uma fonte próxima:

Governo regulamenta tamanho das sobrancelhas e proíbe bigodes em mulheres com menos de sessenta anos;
A ministra da educação frequenta grupos pedagógicos de sadomasoquismo;
Impostos baixam no próximo ano ainda mais os rendimentos dos portugueses;
Processo da Casa Pia vai ficar junto com processo do Apito Dourado no mesmo arquivo;
Aluna que agrediu violentamente professora foi paga pelos sindicatos;
Professora agredida era bufa de Sócrates;
Por causa dos incêndios, Governo vai adiar o Verão para depois das eleições;
Sócrates não é filho da própria mãe – oposição relativiza;

16.3.08

Das relações abstencionistas

Ela puxa-o para dentro do quarto e senta-o na cama:
— Isto tem que acabar Geraldino, eu não aguento mais.
— Mas o que é minha querida?
— Diz-me a verdade de uma vez por todas. Tu só podes ter outra.
— Mas como é que tu podes dizer isso se eu te sou completamente dedicado?
— Como completamente dedicado? Tu és dedicado, mas não completamente.
— Como assim, meu amor?
— Ou será que não és completo? Porque é que não vamos para a cama? Eu quero ir para a cama contigo, eu quero fazer amor contigo, quero dar uma queca, quero foder, Geraldino!
— Ó minha querida, pensei que já tínhamos resolvido isso. Eu já te expliquei que não quero fazer amor contigo antes de ter a certeza que é contigo que eu quero ficar para sempre.
— Mas ainda não tens a certeza?
— Claro que tenho a certeza, mas preciso mesmo de ter a certeza completa. Não quero que isto seja apenas mais um relacionamento de umas noites... E não quero que irmos para a cama possa interferir na nossa relação espiritual.
— Mas nós já andamos há seis meses, eu e tu já tivemos relacionamentos mais profundos de muito menos tempo… Que mais te falta? Queres casar? É isso? …
— Não minha querida, quero apenas ter a certeza que vamos ficar para sempre.
— Mas eu não quero ficar para sempre contigo sem que tenhamos sexo! …
— Então se calhar ainda não estás pronta para esta relação. Vês como fazemos bem evitar o sexo?

7.3.08

Édipo vai ao dentista

Como qualquer criança saudável, eu tive direito a uma dentição. Chamam-lhe dentição de leite porque de facto, os primeiros dentes apenas servem para roer os mamilos das mães, se ainda lá andarmos a mamar. Não é para todos. A relação edipiana com a minha mãe deve ter começado no alargado tempo de amamentação a que fui submetido.
O leite materno devia ter muito cálcio porque, mais tarde, como qualquer ser humano saudável, tive direito a uma segunda dentição forte e saudável. Disseram-me que seria definitiva, mas hoje em dia, nada é definitivo. Por isso, em plena adolescência como qualquer português saudavelmente pobre e a viver numa terra de água esquecida pelo flúor, fui atacado por uma espécie de peste negra dos dentes a que chamam cáries. Tenho por isso um dos meus momentos mais negros numa noite de aguardente e muita, muita dor. E ainda haviam de me ficar caras as cáries.

Agora, como qualquer europeu saudável, ando a arranjar os dentes. Parte já tinha sido feita há uns anos e agora voltei para acabar o trabalho. Não é fácil porque o orçamento que me foi dado é semelhante ao orçamento para fazer obras em casa. Só que mais caro. É preciso mandar paredes abaixo, construir novas, rebocar outras e colocar loiças novas. De porcelana, segundo parece. Tenho dúvidas. Queriam mesmo pôr-me uma ponte, mas eu opus-me. Para mim, as pontes são uma responsabilidade do Estado. Recuso-me a pagar “obras de arte” na minha boca. A comida que vá de volta.

Tenho uma dentista, ou seja, um cirurgião-dentista do sexo feminino. Quando entro no consultório, cumprimento-a com um aperto de mão. Tenho sempre muito cuidado com a mão dela. Não só porque tem umas mãos frágeis, finas e delicadas, mas também porque aquela, é a mão que vai estar na minha boca. E nessa altura, confesso, parece uma mão de ferro. Aquele ser delicado e pequeno, com um alicate na mão transforma-se num perigoso jagunço tira-dentes. E é nessa altura, enquanto eu estou de tubos aspiradores na boca, mandíbulas dormentes e suores frios de pânico, que ela, com um projector de luz nos meus olhos, me interroga ameaçadoramente: “Isto não está grande coisa. Que pasta de dentes é que usa?” E vendo que será difícil eu responder-lhe pestanejando, continua a falar e a fazer-me perguntas que, como boa polícia de interrogatório das SS ou KGB, ela própria se encarrega de responder. Para depois me ferrar as gengivas com um dos vários instrumentos de tortura tecnológica ao seu dispor na bancada. Que é para eu não ser tão pouco cooperativo.

No meio da tortura, com alicates para cá, aspiradores para lá e puxões para todos os lados, ela mete a cara dela mesmo por cima da minha e olha-me fixamente. A sádica. Eu desvio o olhar para o tecto da sala e disfarço. Mas por vezes olho-a fixamente nos olhos para a confrontar. Depois, dá-me o medo e desisto. Nisto, talvez por causa do sangue que me inunda a boca e que ameaça saltar para as paredes do consultório, ela entusiasma-se e debruça-se sobre mim. Vejo-lhe o decote pelo canto do olho, mas não tenho coragem de espreitar. Não me parece o momento indicado. Isto é ela a provocar-me. O dente dá luta e não quer sair. Oiço a carne a estalar. Ela faz força no alicate e eu vou atrás do dente. Os meus dentes são como os meus segredos, só mos tiram a ferros. Mas um homem não é de ferro: quando ela se encavalita sobre mim, um dos seus seios esborracha-se-me no ombro… Eu, esvaído em sangue, quase desmaio. O dente salta do sítio, o alicate desengata-se-me da boca e eu bato com a cabeça no apoio e fico sem reacção. Ela, triunfal, exibe o molar de três raízes na ponta do alicate: “Este deu luta! Vamos ter que dar aí um ponto ou dois…”

Chego a casa a falar como se fosse um mongolóide. Três dias a comer por uma palhinha e a bochechar com água e sal, ensinaram-me que não tenho jeito para o Sadomasoquismo. Mas aos poucos, o meu complexo de Édipo está a passar-se para a minha dentista – nunca nenhuma mulher me fez sofrer tanto, nem nenhuma me ficou tão cara… Hei-de perguntar-lhe se é casada e pedir-lhe que baixe a máscara para lhe poder ver a cara.

5.3.08

Actualidades

Late night blogs
O Público hoje, está um bocado abrupto…

Indignação vs. Avaliação
Os professores dizem que não é possível fazer a avaliação, dentro do prazo indicado pelo ministério. E aí, eu estou completamente de acordo com eles. Eles não têm tempo. Com este calendário de manifestações é impossível.

Estado da Nação
A coisa em Portugal está tão negra que até já se fala no Obama.

O país está tão deprimido, pessimista, confuso e inseguro que até já há seguranças do Colombo a suicidarem-se com três facadas no coração.

Estamos tão mal, que falar claro hoje em dia é achar que eventualmente o que quer que alegadamente seja, pode ser possível, se não houver nada em contrário. Ou mesmo a favor e vice-versa.

O pessimismo é tal que se Vasco Pulido Valente fosse coerente com o seu nome, emigrava. Se fosse coerente com o que diz, suicidava-se de forma exemplar para todas as múmias velhas deprimidas que assombram o espaço público. Se fosse coerente com o que faz, antes de se suicidar, escrevia o seu próprio epitáfio. (Mas acho que nem ele merece isso...)

O economista e agora historiador, Miguel Cadilhe, diz que Portugal se encontra em “recessão grave” desde 2002/2003… Por acaso ainda estamos na mesma década, mas mais um bocadinho…

O ministro da Justiça disse estar confiante que a Polícia Judiciária possa "num tempo curto investigar e esclarecer" os crimes violentos recentemente ocorridos.
Os sublinhados indicam as piadas.

A PJ negou a existência de uma vaga de crime organizado na região de Lisboa. O que é surpreendente é como a PJ está convencida que conseguiria saber de uma organização criminosa se ela existisse. Nem de uma vaga, quanto mais de uma organização. Não havendo pais para arguir ou espancar é difícil à PJ saber do que quer que seja.

Segundo fontes fidedignas, apesar de ainda não estar sequer registado como partido político, o MEP já desceu nas sondagens, tem uma liderança fraca que não chega às eleições e está à beira de um escândalo de corrupção. E claro, os fundadores já estão a encher-se dele…

O cargo de presidente dos Estados Unidos da América está tão mal visto que até já deixam velhos, mulheres e pretos candidatarem-se. Depois de um bronco, vale tudo.

Fico com a ideia que Clinton e Obama pensam que estão a concorrer para telefonistas da noite na Casa Branca…

MEP = Super Cola 3 = MEP3 ?
Se os partidos estão partidos, será que um movimento mesmo a meio deles os conseguiria colar?