25.11.08

Mano-a-mano

(Ainda para o exercício de rádio do curso de humor. O texto é meu, a ideia não sei quem a deu...)


ENTREVISTADOR
O Mano-a-Mano de hoje é dedicado ao caso da nacionalização do BPN. Connosco temos os manos Paulo Portas e Miguel Portas, muito boa noite aos dois. A minha primeira questão é, como é que isto pôde acontecer?
PAULO
Está-me a perguntar a mim?
ENTREVISTADOR
A um qualquer, quem quer começar?
PAULO
Comece o mano que está sempre a queixar-se que eu não o deixo falar.
MIGUEL
Não, começa tu que estás sempre com a alta finança.
PAULO
Ora essa. Comece o mano que até gosta de nacionalizações.
MIGUEL
Começa tu, que neste escândalo, pelo menos, não há ninguém do teu partido. Eram todos do PSD…
PAULO
Tu não me faças passar vergonhas outra vez. Já me basta ter que te aturar fechado na casa de banho a fumar ganzas a noite toda, nas minhas festas de aniversário.
MIGUEL
Sabes bem que a casa de banho nas tuas festas de anos está sempre ocupada.
PAULO
Bom, então começo eu. A culpa é do Governador do Banco de Portugal que devia demitir-se.
MIGUEL
Dizes isso porque ele ajudou este governo a destapar o défice que o teu governo tinha varrido para baixo do tapete.
PAULO
Tu andaste outra vez a levantar os tapetes em minha casa?
MIGUEL
Já te disse que não. Foi só daquela vez.
PAULO
A verdade é que isto aconteceu nas barbas do governador. O próprio governo deixou que tudo acontecesse só para poder nacionalizar um banco e agradar assim à esquerda. Não vê o sorriso na cara do meu mano.
MIGUEL
A mim toda esta situação causa-me algum engodo.
ENTREVISTADOR
Engodo?
MIGUEL
Sim, engodo. A mim parece-me que a culpa foi dos que estiveram à frente do banco. Eu sou a favor das nacionalizações, mas como deve compreender não posso apoiar uma coisa que o governo fez.
ENTREVISTADOR
Então e que argumento escolhe para não apoiar?
MIGUEL
Bom, estava aqui a pensar contar-lhe uma nacionalização semelhante, que eu vi no interior do Deserto de Gobi, de um rebanho de ovelhas. Sabe que eu viajo muito? Mas optei por outro argumento. Com as indemnizações previstas na lei, esta nacionalização é quase um prémio do governo aos accionistas e ex-administradores do banco. A todos os ex-políticos do PSD que estiveram à frente do banco e que para lá levaram as mesmas práticas que sempre tiveram na administração pública.
ENTREVISTADOR
Práticas, que práticas?
MIGUEL
Boa gestão para os bolsos dos próprios e muitos crimes.
ENTREVISTADOR
Paulo, também acha que os verdadeiros culpados são os administradores que estiveram à frente do banco?
PAULO
Claro. Sobretudo é culpa de Miguel Cadilhe que é um queixinhas. Foi contar tudo à Procuradoria Geral da República e ao banco de Portugal quebrando assim, o pacto inter-bancário de nunca dizer a verdade ao Vítor Constâncio. Coisa que toda a gente cumpre.
ENTREVISTADOR
Muito rapidamente, já temos pouco tempo. Paulo o que espera desta nacionalização e da lei das nacionalizações.
PAULO
Espero que o governo não comece agora a nacionalizar a torto e a direito bancos de jardim e bancos de esperma como é o que parece que esta lei deixa antever.
ENTREVISTADOR
Mas acha que algum banco de esperma pode falir.
PAULO
Com jeitinho, um banco de esperma nunca vai à falência. Vá por mim.
ENTREVISTADOR
Miguel, parece-lhe que o governo vai continuar a nacionalizar.
MIGUEL
Não me parece que vá, mas devia. Desde logo podia nacionalizar o próprio governo que só está ao serviço dos privados e depois podia nacionalizar a minha barbearia.
ENTREVISTADOR
Mas o Miguel tem uma barbearia.
MIGUEL
Não, mas manter-me de cabeça rapada sai-me uma fortuna numa barbearia privada.
ENTREVISTADOR
Obrigado aos dois. E foi mais um Mano-a-Mano com os irmãos Portas.

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