25.11.08

Pessimista-Mor

Este é o personagem:
Mauro Tristão, o Pessimista-Mor do Reino
Comentador especialista em boas notícias
Não muito baixo e quase gordo com um olhar triste mas ligeiramente surpreendido. Cabelo negro com risco ao lado, mas desgrenhado e já meio careca, barba por fazer, uma verruga grande na cara e olheiras enormes. Sempre suado e gorduroso, veste camisa de manga curta aberta que deixa ver uma camisola interior de alças das que tem os furos de ventilação muito largos, com alguns pêlos do peito a passarem pelos furos e pelo decote, tudo desfraldado e uns calções curtos às riscas verticais.
Sempre a fumar, sentado de lado numa cadeira, à mesa da cozinha onde está pousado um copo de vinho meio, uma garrafa de vinho de mesa, os cigarros, o cinzeiro e um prato com um queijo ressequido. Tem um nas costas da cadeira e outro sobre a mesa.

Esta é a primeira intervenção (no exercício de rádio do curso de humor):

ENTREVISTADOR
A eleição de Barak Obama foi recebida um pouco por todo lado como uma boa notícia para o Mundo. E por isso temos connosco o nosso comentador de boas notícias, Mauro Tristão, o Pessimista-Mor do Reino. Antes de mais queria perguntar-lhe como viu esta eleição nos Estados Unidos da América?
MAURO TRISTÃO
Vi mal. Vi muito mal.
ENTREVISTADOR
Mas o que é que lhe desagradou?
MAURO TRISTÃO
O fumo e depois estava muita gente à frente da televisão e eu quase não vi nada.
ENTREVISTADOR
Mas e da eleição em si?
MAURO TRISTÃO
Repare, isto não foi bem uma eleição, isto foi um concerto de rock. Ou acha normal os miúdos levantarem-se para ir votar? Quem elegeu esse tal de Obama foram os miúdos americanos, que como nós sabemos são mais incultos ainda que os pais. Deviam pensar que iam à urna de voto ver um concerto do Obama Hendrix. Devem ter tomado alguma coisa antes das eleições … Eu sei lá. Mas o certo é que ficaram a ver um mundo colorido. E daltónico porque só assim se explica que os americanos tenham eleito um negro. Porque como se sabe os americanos são mais racistas que os skinheads das claques do Benfica que são fãs do Eusébio.
ENTREVISTADOR
Mas foi um dia histórico?
MAURO TRISTÃO
Nem pensar, foi antes um dia negro.
ENTREVISTADOR
Isso já é um problema de raça?
MAURO TRISTÃO
De raça? Eu não sei dizer que raça é Barak, não sei se é preto, não sei se é branco, se é muçulmano ou se é da raça do Michael Jackson.
ENTREVISTADOR
E que raça é essa?
MAURO TRISTÃO
Sei lá, nem quero saber, a mim não me importa a raça.
ENTREVISTADOR
Muito bem. Barak Obama prepara-se para assumir a presidência e eu pergunto-lhe o que é que se pode esperar de Obama?
MAURO TRISTÃO
Tudo.
ENTREVISTADOR
Como tudo?
MAURO TRISTÃO
Eu sei lá. Quem não nos garante que Obama é muçulmano? O nome completo dele é Barak Hussein Obama, ora a mim soa-me a nome de muçulmano. E a si não soa? A mim soa. Se não parece muçulmano… Barak Hussein Obama… Barak Hussein… Buraca Som Obama… Enfim, parece uma manobra de kuduro.
Barak, barak, barak…
Bom e depois é um homem sem qualquer experiência de estado. Repare que Barak nunca foi presidente antes, portanto não percebe absolutamente nada do assunto.
ENTREVISTADOR
George Bush quando ganhou em 2000 também não tinha sido presidente.
MAURO TRISTÃO
E veja o que ele fez! Desculpe, mas isso é um péssimo exemplo. E depois o Bush era filho de um presidente e isso, para mim como sou monárquico, conta muito.
ENTREVISTADOR
É monárquico?
MAURO TRISTÃO
Sou.
ENTREVISTADOR
Porquê?
MAURO TRISTÃO
Porque tenho garantias suficientes que nunca voltaremos a ter uma monarquia e assim nunca me irão chatear a dizer que a Monarquia não funciona.
ENTREVISTADOR
Mas que garantias tem que isso nunca irá acontecer?
MAURO TRISTÃO
Tenho o D. Duarte vivo.
ENTREVISTADOR
Pois… Mas voltando a Obama, ele tem a fama de que se consegue rodear de pessoas inteligentes e competentes e isso pelo menos viu-se na campanha. Tomando como boa a governação de Obama, não acha que é bom para a América e pelo menos um bom sinal para o Mundo?
MAURO TRISTÃO
Se Obama governar bem?
ENTREVISTADOR
Sim.
MAURO TRISTÃO
Péssimo sinal para o Mundo. Se governar bem, vai ser bom para a América, de facto. Mas repare que quando a América faz bem a si própria quem sofre é o mundo inteiro. O mundo inteiro e isso já incluí, um pouco contra minha vontade, Portugal. Os americanos a única coisa que souberam sempre fazer, foi roubar e conservar a riqueza. Ao contrário de Portugal que quando foi império só sabia roubar e esbanjar a fortuna. Olhe, como a minha família, por exemplo.
ENTREVISTADOR
Ok, não precisamos de tanta informação. Mas não é verdade que quando a América está bem, o mundo costuma estar bem.
MAURO TRISTÃO
Não. Para o Mundo estar bem é porque normalmente a América está a divertir-se em festas de arromba como os Óscares ou como a final de um desporto que eles chamam futebol mas que consiste em correrem uns para os outros como se fossem touros e depois têm uma bola para distrair as pessoas.
ENTREVISTADOR
Sim, mas a América neste momento com esta crise está mal…
MAURO TRISTÃO
Mal, não, nada disso. Ainda pode piorar muito. O mundo é que já está muito mal só por isso. E repare que no século passado para se livrarem de uma crise destas teve de haver uma guerra mundial. Por isso, não é para ser pessimista, mas prevejo uma terceira guerra mundial para muito breve.
ENTREVISTADOR
Para quando?
MAURO TRISTÃO
Não sei, mas digo já que se for para a semana eu não vou poder vir aqui ao programa porque tenho umas coisas para fazer.
ENTREVISTADOR
Coisas? Que coisas?
MAURO TRISTÃO
Compras.
ENTREVISTADOR
O que é que vai comprar se começar uma guerra mundial?
MAURO TRISTÃO
Aperitivos. Amendoins e assim…
ENTREVISTADOR
Porquê?
MAURO TRISTÃO
Vou dar uma pequena festa só para amigos íntimos. Olhe você está, desde já, convidado.
ENTREVISTADOR
Obrigado, mas não. Bom e foi o comentário de Mauro Tristão, o pessimista-mor do reino.

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