30.11.08

Comentário de Mauro Tristão ao BPN


JORNALISTA: Boa noite Mauro Tristão...

MAURO TRISTÃO: Como é que sabe que é noite se isto é um texto que só vai ser publicado por escrito num blogue obscuro e pode ser lido a qualquer hora do dia?

J: Bom, desculpe, mas tinha de dizer alguma coisa e...
MT: E nada, continue.

J: Antes de mais gostava de ouvir a sua reacção à detenção de Oliveira e Costa na sequência do caso BPN?
MT: É uma vergonha que só neste país é que acontece.

J: Mas o quê?
MT: Prenderem banqueiros que alegadamente cometeram fraudes.

J: Mas acha mal.
MT: Um escândalo. Os banqueiro não podem ir presos porque podem ir parar à mesma cela de um assaltante de bancos. Acha bem? Pergunto-lhe, acha bem?

J: Acho.
MT: Eu acho péssimo. Como toda a gente sabe, a prisão é uma escola do crime. De hoje para amanhã vamos ter assaltantes de bancos a chegar a um balcão e, em vez de pedirem o dinheiro, pedem um veículo especial numa offshore para desviar milhares de milhões de euros. Prevejo uma tragédia no futuro…

J: Bom e quanto à nota do Presidente da República a esclarecer a sua não relação com o BPN?
MT: Olhe, eu acho que há duas coisas que nunca se devem fazer em política. Uma, é não fazer nada. E a outra, é fazer alguma coisa.

J: Como assim?
MT: Por um lado foi um erro por parte de Cavaco…

J: Mas por outro lado...
MT: Seria um erro se não o tivesse feito.

J: Então que podia ter feito Cavaco Silva?
MT: Olhe, podia ter fingido que ia dizer alguma coisa sobre o assunto e depois podia falar sobre a confecção de bolos-rei.

J: Bolos-rei?
MT: Porque não? Vem aí o Natal…

J: Não me parece grande ideia... Mas porque acha que Cavaco sentiu necessidade de fazer este esclarecimento preventivo?
MT: É óbvio que com tanta movimentação em torno do BPN e dos seus administradores cavaquistas, mais tarde ou mais cedo, a questão iria colocar-se: o que é que Cavaco tem a ver com isto? Nessa altura, ele teria de vir muito incomodado dizer que não tem nada a ver com o assunto. Que ponto final e fim de assunto. E assim, toda a gente ficava a saber que ele tinha.

J: Mas se ele dizia que não tinha…
MT: Toda a gente sabe que quando um político diz que não tem nada a ver com um escândalo, é porque tem. Veja o caso do Dias Loureiro… Até porque se não tivesse nada a ver com o assunto, há muito que o teria dito.

J: Então foi por isso que Cavaco veio já dizer que não tem nada a ver com o assunto?
MT: E porque o fez, ou seja, por A mais B, percebemos agora. que Cavaco está até ao pescoço nisto do BPN.

J: Mas acha que Cavaco tem mesmo alguma coisa a ver com o BPN?
MT: Claro. Se não tivesse, por que razão havia o presidente de vir desmentir uma mentira que ainda não existe? Só porque os jornalistas não paravam de fazer perguntas a toda gente? Incluindo ao senhor Armando que é segurança no balcão do BPN de Oliveira de Azeméis? Não me parece. Para mim é claro como a água que Cavaco quer esconder alguma coisa.

J: Mas ele disse expressamente que não tem nada a ver com o assunto...
MT: Repare que falar antes de tempo foi considerado um suicídio para Carlos Cruz.

J: O que é que uma coisa tem a ver com a outra?
MT: Tudo. Há mesmo que perguntar: o que é que Cavaco Silva tem a ver com o processo Casa Pia?

J: …
MT: Pergunte!

J: Ah, desculpe, desfaleci por momentos. O que é que Cavaco Silva tem a ver com o processo Casa Pia?
MT: Não sei. Ele nunca o desmentiu.

J: Mas por que é que ele haveria de desmentir uma coisa quando ninguém falou dela...
MT: Está agora a perceber onde eu quero chegar?

J: Sim, mas Cavaco não tinha nenhuma ligação com o processo Casa Pia.
MT: Tinha com Carlos Cruz.

J: Com Carlos Cruz?
MT: Claro. Olhe, eu pessoalmente conheço o Cavaco Silva da televisão. E de onde é que eu conheço o Carlos Cruz? Da televisão também. Eles andam lá os dois, por mim estão metidos um com o outro?

J: Não me parece, mas...
MT: E digo-lhe mais. Se Cavaco Silva se quer distanciar dos escândalos dos amigos, porque é que ainda não se distanciou de Manuela Ferreira Leite?

J: Como assim?
MT: Ou será que Cavaco também acha que se devia suspender a democracia por seis meses? E quem é que ficaria a mandar nisto tudo nessa altura? O homem do leme? Está a ver onde eu quero chegar?

J: Estou, mas...
MT: E mais. E este problema com os professores, de quem é a culpa?

J: Bom, não sei, vou arriscar: de Cavaco Silva...
MT: Exactamente. O que é Cavaco Silva? É um professor, logo é ele que está por trás dos sindicatos a provocar estas manifestações contra o Governo.

J: Não me parece. Como é que pode afirmar isso?
MT: Como é que posso? Por duas razões óbvias. Por um lado ele nunca o desmentiu. Por outro, alguém tem de estar. Porque uma classe profissional que não consegue fazer uma avaliação por causa da burocracia, nunca conseguiria organizar uma manifestação por causa da confusão que são os horários do autocarros.

J: Bom, muito obrigado. Foi o comentário de Mauro Tristão, o nosso pessimista de serviço.

(Editado em 08.12.08)

27.11.08

25.11.08

Actualidades

(No âmbito do exercício de rádio do curso de humor, mas não saíram grande coisa...)

A cimeira do G20, que teve lugar em Washington, serviu para debater a crise mundial e apontar as medidas necessárias para a combater. Para evitar a ideia que se tratou de uma festa de ricos em plena depressão económica, os representantes dos países optaram por comer sopa de pacote e atum em lata da Bom Petisco fornecido por Durão Barroso.

Governo anunciou que iria anunciar para breve um anúncio. A oposição já reagiu criticando o anúncio do Governo que devia era governar e não anunciar. Pelo menos é o que consta do anúncio da oposição.

Acusado de não ajudar as pessoas, o Governo iniciou vários programas de apoio social. A oposição já reagiu, criticando duramente o governo pela sua tendência socializante de ajudar as pessoas que precisam. “Uma vergonha”, terá dito Manuela Ferreira Leite, “fazer exactamente o que eu disse que era preciso fazer. Este governo a roubar ideias políticas parece o Paulo Branco a roubar ideias para festivais de cinema no Estoril”, terá dito.

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, considerado até pela oposição como um pilar da estabilidade deste governo, foi considerado pelo Finantial Times como o pior ministro das finanças da Europa, devido ao desempenho económico do país. Manuel Pinho partiu-se a rir.

Depois de um ano de investigações, Polícia Judiciária começou a chamar os boys pelos nomes.

O Governo vai vender ou arrendar a sede do Ministério da Defesa. O edifício, localizado no Restelo, conta com inúmeras assoalhadas, boas áreas, água corrente, vista magnífica sobre o Tejo e inclui um edifício anexo, dois generais no activo e um brigadeiro na reforma que se ajeita com a jardinagem. Contacta o próprio… o Governo.

A Ordem dos Médicos recusou as críticas da Direcção Geral de Saúde, segundo as quais os médicos prescrevem demasiados antibióticos. Adiantando que a culpa é dos farmacêuticos que vendem os medicamentos, porque os médicos limitam-se a preencher os cupões para ganhar as viagens ao Brasil. A colóquios e solilóquios de medicina e também algumas prostitutas.

Sócrates considerou que os últimos dados do desemprego são melhores do que o esperado. Estava à espera de bem pior, terá dito. Manuel Pinho partiu-se novamente a rir.

Manuela Ferreira Leite quer interromper a democracia durante seis meses, numa espécie de intervalo para publicidade, mas em vez de anúncios quer fazer reformas. Porque diz não ser possível fazer reformas em democracia. Salazar foi ouvido a bater palmas na tumba.

Manuela Ferreira Leite pode ter contraído um vírus político raro que dá pelo nome de Táctica Santanista. A actual líder do PSD poderá ter contraído o vírus quando uma vez cumprimentou Pedro Santana Lopes, apertando-lhe a mão. Lembramos que esta doença venérea foi iniciada exactamente em Santana Lopes. Os sintomas são diarreia verbal e o paciente tende a enterrar-se à medida que vai falando.

Ferreira Leite quer ressuscitar Salazar para este vir reformar o país durante seis meses. A oposição alerta para o facto de na última vez o fulano também só ia resolver uns problemazitos e ficou lá 40 anos. Na rua já só se ouve que isto precisava era de uma Ferreira Leite em cada esquina.

Mano-a-mano

(Ainda para o exercício de rádio do curso de humor. O texto é meu, a ideia não sei quem a deu...)


ENTREVISTADOR
O Mano-a-Mano de hoje é dedicado ao caso da nacionalização do BPN. Connosco temos os manos Paulo Portas e Miguel Portas, muito boa noite aos dois. A minha primeira questão é, como é que isto pôde acontecer?
PAULO
Está-me a perguntar a mim?
ENTREVISTADOR
A um qualquer, quem quer começar?
PAULO
Comece o mano que está sempre a queixar-se que eu não o deixo falar.
MIGUEL
Não, começa tu que estás sempre com a alta finança.
PAULO
Ora essa. Comece o mano que até gosta de nacionalizações.
MIGUEL
Começa tu, que neste escândalo, pelo menos, não há ninguém do teu partido. Eram todos do PSD…
PAULO
Tu não me faças passar vergonhas outra vez. Já me basta ter que te aturar fechado na casa de banho a fumar ganzas a noite toda, nas minhas festas de aniversário.
MIGUEL
Sabes bem que a casa de banho nas tuas festas de anos está sempre ocupada.
PAULO
Bom, então começo eu. A culpa é do Governador do Banco de Portugal que devia demitir-se.
MIGUEL
Dizes isso porque ele ajudou este governo a destapar o défice que o teu governo tinha varrido para baixo do tapete.
PAULO
Tu andaste outra vez a levantar os tapetes em minha casa?
MIGUEL
Já te disse que não. Foi só daquela vez.
PAULO
A verdade é que isto aconteceu nas barbas do governador. O próprio governo deixou que tudo acontecesse só para poder nacionalizar um banco e agradar assim à esquerda. Não vê o sorriso na cara do meu mano.
MIGUEL
A mim toda esta situação causa-me algum engodo.
ENTREVISTADOR
Engodo?
MIGUEL
Sim, engodo. A mim parece-me que a culpa foi dos que estiveram à frente do banco. Eu sou a favor das nacionalizações, mas como deve compreender não posso apoiar uma coisa que o governo fez.
ENTREVISTADOR
Então e que argumento escolhe para não apoiar?
MIGUEL
Bom, estava aqui a pensar contar-lhe uma nacionalização semelhante, que eu vi no interior do Deserto de Gobi, de um rebanho de ovelhas. Sabe que eu viajo muito? Mas optei por outro argumento. Com as indemnizações previstas na lei, esta nacionalização é quase um prémio do governo aos accionistas e ex-administradores do banco. A todos os ex-políticos do PSD que estiveram à frente do banco e que para lá levaram as mesmas práticas que sempre tiveram na administração pública.
ENTREVISTADOR
Práticas, que práticas?
MIGUEL
Boa gestão para os bolsos dos próprios e muitos crimes.
ENTREVISTADOR
Paulo, também acha que os verdadeiros culpados são os administradores que estiveram à frente do banco?
PAULO
Claro. Sobretudo é culpa de Miguel Cadilhe que é um queixinhas. Foi contar tudo à Procuradoria Geral da República e ao banco de Portugal quebrando assim, o pacto inter-bancário de nunca dizer a verdade ao Vítor Constâncio. Coisa que toda a gente cumpre.
ENTREVISTADOR
Muito rapidamente, já temos pouco tempo. Paulo o que espera desta nacionalização e da lei das nacionalizações.
PAULO
Espero que o governo não comece agora a nacionalizar a torto e a direito bancos de jardim e bancos de esperma como é o que parece que esta lei deixa antever.
ENTREVISTADOR
Mas acha que algum banco de esperma pode falir.
PAULO
Com jeitinho, um banco de esperma nunca vai à falência. Vá por mim.
ENTREVISTADOR
Miguel, parece-lhe que o governo vai continuar a nacionalizar.
MIGUEL
Não me parece que vá, mas devia. Desde logo podia nacionalizar o próprio governo que só está ao serviço dos privados e depois podia nacionalizar a minha barbearia.
ENTREVISTADOR
Mas o Miguel tem uma barbearia.
MIGUEL
Não, mas manter-me de cabeça rapada sai-me uma fortuna numa barbearia privada.
ENTREVISTADOR
Obrigado aos dois. E foi mais um Mano-a-Mano com os irmãos Portas.

Pessimista-Mor

Este é o personagem:
Mauro Tristão, o Pessimista-Mor do Reino
Comentador especialista em boas notícias
Não muito baixo e quase gordo com um olhar triste mas ligeiramente surpreendido. Cabelo negro com risco ao lado, mas desgrenhado e já meio careca, barba por fazer, uma verruga grande na cara e olheiras enormes. Sempre suado e gorduroso, veste camisa de manga curta aberta que deixa ver uma camisola interior de alças das que tem os furos de ventilação muito largos, com alguns pêlos do peito a passarem pelos furos e pelo decote, tudo desfraldado e uns calções curtos às riscas verticais.
Sempre a fumar, sentado de lado numa cadeira, à mesa da cozinha onde está pousado um copo de vinho meio, uma garrafa de vinho de mesa, os cigarros, o cinzeiro e um prato com um queijo ressequido. Tem um nas costas da cadeira e outro sobre a mesa.

Esta é a primeira intervenção (no exercício de rádio do curso de humor):

ENTREVISTADOR
A eleição de Barak Obama foi recebida um pouco por todo lado como uma boa notícia para o Mundo. E por isso temos connosco o nosso comentador de boas notícias, Mauro Tristão, o Pessimista-Mor do Reino. Antes de mais queria perguntar-lhe como viu esta eleição nos Estados Unidos da América?
MAURO TRISTÃO
Vi mal. Vi muito mal.
ENTREVISTADOR
Mas o que é que lhe desagradou?
MAURO TRISTÃO
O fumo e depois estava muita gente à frente da televisão e eu quase não vi nada.
ENTREVISTADOR
Mas e da eleição em si?
MAURO TRISTÃO
Repare, isto não foi bem uma eleição, isto foi um concerto de rock. Ou acha normal os miúdos levantarem-se para ir votar? Quem elegeu esse tal de Obama foram os miúdos americanos, que como nós sabemos são mais incultos ainda que os pais. Deviam pensar que iam à urna de voto ver um concerto do Obama Hendrix. Devem ter tomado alguma coisa antes das eleições … Eu sei lá. Mas o certo é que ficaram a ver um mundo colorido. E daltónico porque só assim se explica que os americanos tenham eleito um negro. Porque como se sabe os americanos são mais racistas que os skinheads das claques do Benfica que são fãs do Eusébio.
ENTREVISTADOR
Mas foi um dia histórico?
MAURO TRISTÃO
Nem pensar, foi antes um dia negro.
ENTREVISTADOR
Isso já é um problema de raça?
MAURO TRISTÃO
De raça? Eu não sei dizer que raça é Barak, não sei se é preto, não sei se é branco, se é muçulmano ou se é da raça do Michael Jackson.
ENTREVISTADOR
E que raça é essa?
MAURO TRISTÃO
Sei lá, nem quero saber, a mim não me importa a raça.
ENTREVISTADOR
Muito bem. Barak Obama prepara-se para assumir a presidência e eu pergunto-lhe o que é que se pode esperar de Obama?
MAURO TRISTÃO
Tudo.
ENTREVISTADOR
Como tudo?
MAURO TRISTÃO
Eu sei lá. Quem não nos garante que Obama é muçulmano? O nome completo dele é Barak Hussein Obama, ora a mim soa-me a nome de muçulmano. E a si não soa? A mim soa. Se não parece muçulmano… Barak Hussein Obama… Barak Hussein… Buraca Som Obama… Enfim, parece uma manobra de kuduro.
Barak, barak, barak…
Bom e depois é um homem sem qualquer experiência de estado. Repare que Barak nunca foi presidente antes, portanto não percebe absolutamente nada do assunto.
ENTREVISTADOR
George Bush quando ganhou em 2000 também não tinha sido presidente.
MAURO TRISTÃO
E veja o que ele fez! Desculpe, mas isso é um péssimo exemplo. E depois o Bush era filho de um presidente e isso, para mim como sou monárquico, conta muito.
ENTREVISTADOR
É monárquico?
MAURO TRISTÃO
Sou.
ENTREVISTADOR
Porquê?
MAURO TRISTÃO
Porque tenho garantias suficientes que nunca voltaremos a ter uma monarquia e assim nunca me irão chatear a dizer que a Monarquia não funciona.
ENTREVISTADOR
Mas que garantias tem que isso nunca irá acontecer?
MAURO TRISTÃO
Tenho o D. Duarte vivo.
ENTREVISTADOR
Pois… Mas voltando a Obama, ele tem a fama de que se consegue rodear de pessoas inteligentes e competentes e isso pelo menos viu-se na campanha. Tomando como boa a governação de Obama, não acha que é bom para a América e pelo menos um bom sinal para o Mundo?
MAURO TRISTÃO
Se Obama governar bem?
ENTREVISTADOR
Sim.
MAURO TRISTÃO
Péssimo sinal para o Mundo. Se governar bem, vai ser bom para a América, de facto. Mas repare que quando a América faz bem a si própria quem sofre é o mundo inteiro. O mundo inteiro e isso já incluí, um pouco contra minha vontade, Portugal. Os americanos a única coisa que souberam sempre fazer, foi roubar e conservar a riqueza. Ao contrário de Portugal que quando foi império só sabia roubar e esbanjar a fortuna. Olhe, como a minha família, por exemplo.
ENTREVISTADOR
Ok, não precisamos de tanta informação. Mas não é verdade que quando a América está bem, o mundo costuma estar bem.
MAURO TRISTÃO
Não. Para o Mundo estar bem é porque normalmente a América está a divertir-se em festas de arromba como os Óscares ou como a final de um desporto que eles chamam futebol mas que consiste em correrem uns para os outros como se fossem touros e depois têm uma bola para distrair as pessoas.
ENTREVISTADOR
Sim, mas a América neste momento com esta crise está mal…
MAURO TRISTÃO
Mal, não, nada disso. Ainda pode piorar muito. O mundo é que já está muito mal só por isso. E repare que no século passado para se livrarem de uma crise destas teve de haver uma guerra mundial. Por isso, não é para ser pessimista, mas prevejo uma terceira guerra mundial para muito breve.
ENTREVISTADOR
Para quando?
MAURO TRISTÃO
Não sei, mas digo já que se for para a semana eu não vou poder vir aqui ao programa porque tenho umas coisas para fazer.
ENTREVISTADOR
Coisas? Que coisas?
MAURO TRISTÃO
Compras.
ENTREVISTADOR
O que é que vai comprar se começar uma guerra mundial?
MAURO TRISTÃO
Aperitivos. Amendoins e assim…
ENTREVISTADOR
Porquê?
MAURO TRISTÃO
Vou dar uma pequena festa só para amigos íntimos. Olhe você está, desde já, convidado.
ENTREVISTADOR
Obrigado, mas não. Bom e foi o comentário de Mauro Tristão, o pessimista-mor do reino.

13.11.08

Recordar é viver #1

Toma! Em nome de Cristo...

Monges arménios e padres gregos, apesar de igualmente cristãos, dão-se tão bem como palestinianos e israelitas. No amor de Cristo, claro.
A tradição diz que, na Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, um dos lugares mais sagrados do mudo, periodicamente haja porrada de meia-noite a qualquer hora. O meu Cristo é melhor que o teu. Nham, nham, nham, nham, nham.
As seis seitas cristãs que gerem a igreja lutam, de forma demasiado literal, por cada centímetro de poder ao ponto de não serem sequer credíveis para guardar as chaves da igreja, tarefa atribuída, ironia das ironias, a duas famílias muçulmanas.
A mais recente bendita zaragata começou com uma procissão que rapidamente se tornou numa fila de trânsito com choques em cadeia. O barulho das sagradas punhadas não deixou ouvir, mas fonte bem colocada afirma que, por momentos, Jesus voltou da ressurreição ao sepulcro só para dar duas voltas na tumba.
O problema nestes episódios é sempre a primeira chapada. A partir daí desata tudo a dar a outra face e os religiosos para não parecerem malcriados têm que começar a distribuir bolachadas como se estivessem a dar a comunhão.
Tudo pelo amor de deus! Obviamente. Até porque é preciso lutar por Cristo. Embora não tão literalmente, é verdade, mas isto serve também um propósito. Tratam-se de religiosos que passam a vida em oração, confissão e comunhão. Ora acontece que com uma vida destas não é possível ter pecados. Logo a confissão é uma seca tremenda. Segundo um monge de cruz na mão a arrear num barbudo grego, “o objectivo é ter pecados para confessar”, adiantando que “é muito desagradável para nós chegarmos ao confessionário e termos que confessar que não temos pecados nenhuns porque passamos o tempo aqui fechados num sepulcro”.
Pelo que estes arraiais de porrada são normais. É a forma que eles têm de passar o tempo e quebrar um pouco a monotonia. É que parecendo que não aquilo é um velório constante.
Ou ainda, de forma mais cândida: os arménios não gostam dos gregos e por isso, sempre que têm oportunidade, molham a sopa e arreiam neles.
Instalada a guerra santa, chamou-se os profissionais e a polícia israelita interveio, distribuindo irmãmente cachaporra entre os fiéis para que no final, a culpa, como sempre, seja dos judeus.

10.11.08

Inquérito "à la" IP

Já andou de comboio na linha do Tua?













Cidadão anónimo

Pessoa com a consciência muito elevada
Essa nunca snifei. Mas ouvi dizer que é linda.














Nazário Capelo de Rêgo

Único gay assumido de Trás-os-Montes, Alto Douro e Minho
Do tua, da minha, sei lá, adoro comboios assim há maneira antiga, duros, rudes e que nos deixam o corpo dorido. Mas nesse nunca andei, porque não gosto de morrer. E acho um bocado piroso morrer no Tua.











Angélico da Conceição

Optimista que mora entre o Tralhão e a Brunheda
Todos os dias. Não tenho medo. Num ano morreram apenas 4 pessoas. Mas veja que é um sitio com poucas estradas, onde há poucos acidentes de viação e as pessoas aqui têm tanto direito a morrer ao serem transportadas como qualquer outro português.














Durbalino Sacamoles

Autarca ali de perto
Eu sou uma pessoa Tua cá, Tua lá. Sim, morreram pessoas, mas é ou não é um sitio lindo para morrer? Estamos a pensar lançar um novo slogan turístico: “Crise Mundial? Não amua, vem morrer no Tua.”

Destruição de chavões

Os amigos são para as ocasiões.
Os amigos são para as obstipações.

Podem começar a comer, que isso frio perde a piada.
Sei do que falo que a minha mulher é uma pessoa muito fria.

As crianças são o melhor do Mundo.
E o pior do Carlos Cruz.

Há mar e mar, há ir voltar.
A amar e a amar, há vir e voltar-se.

Já está a ficar frio mas também já é tempo dele.
Já está a ficar frio mas também já é tempo de nos vermos livres do corpo porque também já cheira mal.

Que ganhe o melhor.
Que ralhe o “menhor”.

Coitadinho, foi para um sítio melhor.
Picadinho, foi para um sítio do senhor.

O cão é o melhor amigo do homem.
Quando não ataca ferozmente pelos fundilhos das calças e lhe trinca violentamente as nádegas até fazer dói-dói.

Grão a grão enche a galinha o papo.
Cão a cão enchem várias galinhas o papo.

Com o mal dos outros posso eu bem.
Desde que não seja muito pesado.

Nacionalização do BPN

O desafio era escrever a mesma (falsa) notícia para dois meios diferentes (Expresso/24 horas). Foi um exercício de aula que só revi ligeiramente.

Expresso
Sócrates na última curva antes das eleições vira à esquerda e oferece banco aos portugueses
O BPN foi a mais recente instituição gerida por ex-ministros e ex-secretários de estado a atingir a perfeição: desmaterializou-se, tal como antes tinha acontecido com a Universidade Independente. Para esta nacionalização contribuíram as queixinhas de Miguel Cadilhe que contou tudo à Procuradoria Geral da República e a Vítor Constâncio quebrando assim, o pacto inter-bancário de nunca dizer a verdade ao Governador do Banco de Portugal.
Teixeira dos Santos foi claro ao explicar a razão da decisão do Governo afirmando: um familiar meu tem lá o crédito à habitação e eu sou coleccionador de moedas do euro.
As reacções dos partidos da oposição não se fizeram esperar e o CDS-PP anunciou desde já que tomaria uma decisão urgentemente. No PSD, Paulo Rangel foi mais contido, primeiro vai ver quanto é que tem na conta do BPN e depois diz alguma coisa. O PCP só acredita na nacionalização depois de a ver.

24 Horas
Sócrates já conseguiu comprar um banco à custa de vender o Magalhães onde quer que vá
O Governo anunciou a nacionalização do Banco Português de Negociatas, um banco de ex-políticos que levaram para o privado as práticas que tinham na administração pública: boa gestão para os bolsos dos próprios e muitos crimes. Embora o Governo tente explicar as razões excepcionais para esta nacionalização, a oposição à direita não acredita. Teme-se que Sócrates caia na tentação de agradar a Manuel Alegre e comece a nacionalizar a torto e a direito, bancos de jardim e bancos de esperma. À esquerda, Jerónimo de Sousa já disse que é apenas um bom princípio e que espera agora que o Governo tenha coragem de avançar para a Reforma Agrária.

Este blogue está meio abandonado...

... estava. Voltei. Apesar de estar coxo de um participante, de não ter celebrado o quinto aniversário (Setembro passado), este blogue não morreu e está vivo. Mas o trabalho e a perguiça à Grande tomaram-me conta do corpo e do juízo. Para compensar, vou desepejar algum trabalho que tenho feito.
Abaixo os cépticos. Viva o Obama.