Das piadas ou a comédia autofágica (3 e último)
A sua pessoa era uma piada de mau gosto, a sua existência uma anedota e a sua vida sexual uma gargalhada – tornou-se comediante.
Só fazia piadas sobre piadas. E só as piadas se riam.
Era especialista em piadas negativas – em vez de fazerem rir, faziam chorar.
Era daqueles que tinha a mania de pedir piadas emprestadas e nunca as devolvia. Um dia lixaram-no. Em vez de uma piada deram-lhe uma anedota batida.
Dizia sempre que mais valia perder uma pitada que perder a piada.
Teve uma zanga com a sua melhor piada e ela despediu-se — tornou-se numa anedota livre.
Há miúdas com muita piada! E no entanto, os homens quando as vêem só querem chorar.
Andava sempre com uma ou duas piadas muito duras no bolso. E era com elas que conquistava as miúdas.
Era um artesão da comédia – só fazia piadas por medida.
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