23.2.08

BUM!

Velho, sempre cansado, pobre e atrasado, Portugal agora, revolve-se sobre si próprio, reivindica, contesta, vai à rua e pede, reclama e estrebucha. Está indignado, está exaltado e diz que não aguenta mais. Está desesperado, desempregado, sem dinheiro, endividado, sente-se a sufocar pelo Estado e pede mudança. Pede que tudo mude para que tudo fique na mesma, se faz favor, porque antes assim que pior. Isto já estava mau e agora, um fulano com nome de filósofo começou a mexer em tudo… A mudar as coisas… E isso, não nos parece nada bem. Nada, nada bem. Onde que isto vai parar?…
Ah, portuguesinho de costas voltadas ao sol, não tenhas medo que haverá sempre fila para a sopa dos pobres. Os ricos não te deixarão passar fome, que isso fica-lhes muito caro.
E tu, Tuga de gema, com aquelas coisas – tu sabes bem – na consciência, não te apoquentes que eles não hão-de descobrir como se lê o pensamento. Não temas. Só tens que não morder a mão que te dá de comer. E se morderes, morde com carinho, que nunca soubeste morder de raiva. Porque nem sempre ela te dá de comer. Sabes como ela por vezes te dói? Tens que te portar bem. E como gostas tu, de te portar bem apesar das mentiras que contas…
E tu velho do Restelo, que passas os dias a maldizer tudo e todos, resmungando entre dentes o que não tens coragem de dizer alto e bom som, para poderes dizer depois que bem tinhas avisado. E avisas tanto…
Esperam a bomba, o bum, a desgraça, desgraçadinha que há-de fazer correr o sangue nas valetas? Se passar de uma tempestade rezam a Deus, vão agora esperar o apocalipse? Sempre vos bastou o fim do mundo a que sempre estiveram habituados a ser. Mesmo depois de provarem que havia mundo para além de nós outros… portugueses!
Ah, Portugal, a província de maior sucesso do que havia de se chamar… Como é mesmo? “Espana”, “hespanha”, “spain”? Nada disso: União Europeia! Onde és bom aluno? Um bom aluno que faz batota… Quem diria? Portugal, de Portucale, quem diria que um dia, havias de pertencer à Europa. Ah, como os países ibéricos sempre tiveram importância. Que seria da Europa sem a península do lince da Malcata onde ele já não existe e do Neandertal que aqui se perdeu no tempo? Pouco. Pouco mais.
Como vais tu Portugal, por estes dias do século XXI, quase novecentos anos de história? Como vai isso? Está-se bem, velho?

Estou longe de considerar que o reconhecimento do Kosovo corresponda aos nossos interesses nacionais. Por muito que isso pareça contra-intuitivo em relação à nossa história, não é do interesse nacional qualquer coisa que ajude à fragmentação da Espanha.
José Pacheco Pereira, Público, 23/02/ 2008

Estou certo que muitos dos espectadores europeus destas séries, que acreditam na reencarnação e em forças superiores, são os mesmos que protestam contra a antiga religião oficial do seu país, que comentam os "disparates" de Roma ou da sede da sua igreja nacional enquanto lêem o horóscopo ou verificam a harmonia feng shui dos móveis lá de casa.
Eduardo Cintra Torres, Público, 23/02/ 2008

Madalena Barbosa não foi nunca ministra, não foi nunca secretária de Estado, não foi nunca presidente da comissão. Mas foi determinante e única para o espaço de liberdade e de igualdade que nos últimos 30 anos foi conquistado pelas mulheres portuguesas.
São José Almeida, Público, 23/02/ 2008

E o bastonário da Ordem dos Advogados pode e deve ser a voz das preocupações dos cidadãos quanto a este nevoeiro no funcionamento da máquina da Justiça. Mesmo sabendo-se que "nem tudo o que parece, é" e que "nem tudo o que luz é ouro". E que haverá "fumo sem fogo".
Francisco Teixeira da Mota, Público, 23/02/ 2008

O apoio imediato da Rússia à independência da Abkházia e Ossétia do Sul e as declarações dos líderes do País Basco e de Nagorno Karabakh não são um bom augúrio.
Rodrigo Tavares, Público, 23/02/ 2008

No fundo, os senhores da Sedes não percebem que nenhuma "crise social" (que fazem eles senão descrever sem grande originalidade a que neste momento vivemos?) põe em perigo o suave arranjo da política portuguesa, enquanto Portugal pertencer à "Europa": e os partidos sabem isso muito bem. O destino de Portugal é, como sempre foi, apodrecer ao sol.
Vasco Pulido Valente, Público, 23/02/ 2008

Então porque diz a lei feita sob o mandato de Costa que as autarquias têm de apresentar um "plano de saneamento financeiro para o período a que respeita o empréstimo", neste caso os tais 12 anos? Talvez porque na altura o autarca era ministro e, às vezes, o feitiço se volta contra o feiticeiro.
José Manuel Fernandes, Público, 23/02/ 2008

Sem comentários: