19.1.09

Cessar-fogo ou acabou-se a lenha vou buscar mais

Por Mauro Tristão, pessimista de serviço

A boa notícia da semana é o cessar-fogo israelita na Faixa de Gaza... Peço desculpa, estou a ouvir agora que já foi quebrado... Confirma-se o cessar-fogo também do Hamas e o início da retirada das tropas israelitas. Parece-me que agora é certo e posso anunciar, houve mesmo um cessar-fogo na Palestina, ou seja, alguém ficou sem munições.
Uma das razões porque foi bem pensada a criação do Estado de Israel onde ele existe, é porque assim, só se estraga uma casa como se costuma dizer no nosso país. Eu detesto tanto os israelitas como os palestinianos e não conheço povos mais quezilentos, à excepção de uma tribo brasileira que mata estrangeiros com pauladas na cabeça e uma tribo do norte de África que vive num arquipélago ao largo de Marrocos, a que deram o nome de Madeira.
Entendo este cessar fogo como um intervalo naquele passatempo já com algumas décadas, mas com origens milenares, de judeus e muçulmanos andarem às turras seja com quem for. Mas desde que os meteram juntos, o Mundo nunca mais foi o mesmo. Para os judeus foi bom, porque nunca mais foram expulsos de lado nenhum, para os muçulmanos foi uma benção porque passaram a ter o infiel à porta de casa, pelo que não precisam de ir para longe para mandar umas pedras ou uns rockets.
Um dia que alguém, como por exemplo um presidente americano, enfie um dedo no cu do primeiro-ministro ou da primeira-ministra israelita e lhes diga para se portarem como gente civilizada, talvez nesse dia, com um batalhão de soldados nas ruas para controlar os não menos bárbaros palestinianos, se consiga uma paz definitiva. Talvez então surja um estado palestiniano e os judeus se sintam em segurança. Mas se isso acontecer, o que irá aquela gente fazer para obter os mesmos níveis de adrenalina que obtêm a viver em constante arruaça? Vão-se dedicar a quê? Desportos radicais? Não sei. Mas temo que no dia em que o médio-oriente deixe de ter problemas, o resto do mundo entre no caos absoluto com zangas e zaragatas, gente a atirar pedras e rockets, guerras e destruições. Já imagino o secretário-geral da ONU chateado a dizer que tem que haver um cessar-fogo e a levar com um rocket em cima, como quase aconteceu em Israel há dias para ele não ser parvo. Seria, finalmente, o apocalipse. Mas por muito que eu gostasse que o fim do mundo ainda fosse no meu tempo, gostava de viver mais uns anos e por isso espero que o conflito na Palestina se mantenha por muitos bons anos e que continuemos a assistir impávidos e serenos enquanto morrem eles, porque é sinal que não morremos nós.

Sem comentários: