6.1.09

Mauro Tristão: Finalmente, a crónica

É com prazer que posso anunciar ter-me visto livre daquelas entrevistas absurdas, conduzidas por um ser difícil de adjectivar que se auto-intitulava Jornalista e, pela idiotice que demonstrava, acredito mesmo que o fosse. A partir de agora, embora ele possa voltar a todo o momento (não tenho a certeza de ter apertado bem as cordas), continuarei a minha infeliz participação neste blogue através desta crónica. Embora seja para mim muito penoso ter que escrever tudo isto no computador e posteriormente publicar no blogue, encontrei uma forma de não o fazer ao obrigar a Nikita, a minha empregada ucraniana, a fazer tudo isso por mim. Uma tarefa árdua na medida em que ela não fala uma palavra de português e eu tenho que lhe apontar as teclas todas, uma a uma. Enfim, modernices, que no meu tempo não existiam. Refiro-me às empregadas ucranianas, que dantes eram todas do norte do país e apesar do buço pelo menos sempre percebiam o português embora também não o falassem nem o escrevessem.

2009, odisseia na crise
A verdade é que ninguém previu a crise de 2008. Ninguém excepto eu, que andei a avisar toda a gente sobre esta crise, pelo menos desde 1954. Mas ninguém me quis ouvir e claro, ninguém fez nada. Agora não há cão nem gato que não preveja o pior para 2009. O Presidente da República diz que vai ser “muito difícil”, o primeiro-ministro diz que vai ser o “cabo das tormentas” e um primo meu diz que vai ser a costela partida de quem escorrega numa casca de banana e cai de costas em cima de um monte de caca de cão com diarreia. Talvez. Tenho dúvidas.
A verdade é que ninguém previu a crise de 2008, como é que eu posso acreditar que 2009 vá ser mau? Eu gostava de acreditar nisso, gostava de pensar que este ano que agora começa vai ser um dia frio carregado de nuvens negras com cheiro de morte e devastação. Mas começo a ter dúvidas. Esta gente nunca acerta em nada e isso é meio caminho andado para eu ter tantas dúvidas como o país tem dívidas. Um ano com três eleições?! Temo que só vá ser mau para mim.
O governo vai dar tudo a toda a gente: à empresa, à família, aos pais, aos filhos, à avozinha doente, ao cão, ao gato e ao cágado do menino. A oposição vai prometer os mundos e os fundos que o governo não pode dar mas eles hão-de dar assim que se apearem. As campanhas vão alegrar as ruas, os comícios as praças e os políticos as portas dos incautos. Comigo se cá vierem bater à porta levam logo com o bacio.
Concluindo, 2009 vai ser um ano de festa e alegria com recessão, sem recessão, com emprego ou subsidio de desemprego, com feriados e pontes e dias de voto que são óptimos para uns fins-de-semana de praia ou de montanha. E isto é que me dói. E o que me alivia é saber que em 2010 vamos pagar por tudo isto.
Por isso, não me venham dizer que 2009 vai ser um ano mau. A mim não me enganam. Vai ser mau é para mim que tenho aturar esta porcaria toda.

Mauro Tristão

3 comentários:

MJLF disse...

ehheheh, este Tristão em crónica é bem pior!
Maria João

Marta disse...

Olha! Eu gosto do novo formato! E continuo a gostar dele. Agora mais ainda porque diz "bacio".

flôr de sal disse...

eu cá não lhe abro a porta se me vier tentar vender a enciclopédia da crise, é que não tenho bacio...