1.5.06

O (h)óbice!


Vasco Pulido Valente, diz que Portugal não tem futuro nenhum: “um fracasso”, escreveu ele. Corri imediatamente para casa dele (que não faço a mínima ideia de onde seja, mas que gosto de pensar que é no Restelo) para tentar evitar o pior. Mas afinal, tinha sido apenas da disposição com que ele acordou no dia em que escreveu o artigo e não havia razões para me preocupar. Ao acordar, deu um ligeiro soluço ou arroto (não sabe bem) e pensou: este país é um fracasso! Até fiquei com a ideia, que apesar de ele ter acabado com o próprio blog, ainda não se mudou para o tempo do Eça.
Retive então, apenas, a ideia do fracasso, deste país que “não encontra com certeza razão para a sua própria sobrevivência”. Retive-a por segundos, escrevi-a aqui e depois mandei-a fora. Porque eu percebo que era melhor ser um comentador-mor de um país poderoso e cheio de futuro. Mas não. O destino reservou a VPV um país que leva muito tempo a recuperar das coisas e 32 anos, para nós, é apenas o tempo suficiente para nos prepararmos para começar… Depois, o destino pregou-lhe outra rasteira e nessa, eu estou com VPV: na última página do Público, Valente está embaraçosamente por baixo do Calvin a competir com o Hobbes. Isto pode perfeitamente ser razão de depressão profunda, sobretudo se pensarmos no alcance mundial do pequeno Calvin (2000 jornais no mundo inteiro) e no facto dos Hobbes terem "uma visão obscura da natureza humana" muito mais estranha que a de VPV.
A inveja. A inveja é de facto, uma característica nacional, mas francamente nem nos podemos arrogar de ser nossa, ou sequer de a termos mais que os outros. Aliás, nós portugueses temos tanto ou mais futuro que os outros. Verdadeiramente, só temos dois problemas: somos pobres e atrasados. E já o somos há muito tempo, não é de agora. Mas isto, é uma coisa que vai passando com o tempo. Leva é tempo. Mas com quase 900 anos de história, porque raio havíamos de ter pressa?! E depois, enquanto não morrer o último contemporâneo do Salazar, isto não pode melhorar muito. E nós queremos que o Vasco dure muitos anos. Porque o Calvin & Hobbes já acabou há mais de dez anos!