1.6.06

Da cozinha


Segundo um estudo recente, os homens estão a tornar-se mais femininos. O que não se aplica a Cláudio Ramos que só pode ficar mais masculino. É verdade que até fez um filho e tudo, mas fora isso, não tem feito muitos mais progressos. Já Castelo Branco é o “benchmark” para a possibilidade teórica de um homem no feminino.
Um dos argumentos do estudo era a entrada dos homens em terrenos anteriormente femininos, como é o caso da cozinha. O que não admira, já que, com os hábitos modernos de relações em “outsorcing”, os homens a viver sozinhos tiveram que aprender a mexer-se em terrenos anteriormente da mulher.
Vivi sozinho durante algum tempo e aprendi algumas coisas interessantes. Um homem na cozinha, não deixa de ser um homem: o meu problema é a loiça. É que a minha loiça não gosta de mim. Detesta-me. Não me pode ver nem coberto de sonasol. É a única explicação para ela se juntar toda, toda suja, no lava-loiça. Estou convencido que a culpa é das tupperwares. As tupperwares são arqui-inimigas dos homens. Desde há muito, eram o “leitmotiv” de reuniões privadas de mulheres, em acções nítidas de conspiração contra o género masculino. As tupperwares são o prinicpal obstáculo à conquista moderna da cozinha pelos homens. Por alguma razão, todas as namoradas que tive deixaram uma tupperware em minha casa. É como uma espécie de marca territorial/maldição eterna. E são elas que organizam estas manifestações de loiça suja que fica ali durante dias, semanas… Ok! Eu confesso, não gosto de lavar loiça…
Mas também só chego a lavar a loiça quando os meus vizinhos se chateiam e aquilo começa a fazer muito barulho. É que vocês não fazem ideia o que são as rãs na época do cio. Depois já sei, tenho de lavar a loiça. Então lá me preparo: isolo o perímetro, coloco um fato com luvas, um colete reflector (dos homologados) e uma máscara. Pego em dois bidões de desinfectante e passo um dia inteiro a tornar de novo habitável toda a cozinha. E eis-me a chamar os amigos: é hora de petisco!
Neste ritmo, é claro levei alguns meses para aprender a cozinhar, mas aprendi outras coisas… Apesar de darem algum jeito para lavar a loiça (embora rápidas são muito aldrabonas), aprendi que o lugar das mulheres não é definitivamente, na cozinha. Até porque hoje em dia, meus amigos, elas já não sabem cozinhar! De facto, eu cozinho muito melhor que as elas. Pelo menos, melhor que as mulheres de agora. Porque já não há mulheres como antigamente. (Quer dizer, haver há, só que estão velhas…)
Por isso, acho mal os homens que deixam a cozinha para as mulheres e se sentam na sala a ver televisão e a beber cerveja. Desde logo, porque a cerveja fresca, está na cozinha!
Por isso meus amigos deixem sair as vossas mulheres da cozinha. Deixem-nas ir à sala… Levem-nas à rua… sei lá, para fazer as necessidades, que elas estão sempre aflitas quando saem à rua… Às vezes fico com a ideia que vocês passeiam mais os vossos cães que as vossas mulheres e isso pode não fazer sentido…
Ou então vão vocês ter com elas à cozinha…

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