26.8.05

O regresso da Coisa

Obrigado ao Grande e ao Insónia


Circo de sons


Numa fogueira de ideais,
Onde se queima carvão de compra,
Pinhas dum relvado de fagulha
E lenha que nos cola aos cheiros.

Na tenda estrelada, por imaginários bem presentes,
A Cerveja hidrata as goelas secas da partilha;
Uma risada invade os maxilares
Com banal esquecimento

Explica-me uma coisa…
Falas tu ou falo eu?
Falo eu e falas tu!
De que estávamos a falar?

Pensamentos que atropelam o concerto,
Que afastam as mínimas do ouvido,
Por cada máxima disparada
Um compasso se destrói.

É este o circo de sons,
Com acústica de excepção
E executantes naturais,
Numa assistência ruidosa, quando o silencio se impunha.

Conquilha na percussão;
Voz dedilhada por um molho de alho e coentros;
Grilos improvisam a melodia
E as luminosas traças dançam neste circo.

Do outro lado da grade, a cinza ainda quente,
Por vontade de arder,
Aquece o instrumento
Para que o pão o possa tocar.

Que cenário natural!
Que momento musical!
Destruído em conjunto
Por conversa e humor.

Não é artificial,
Com toda a certeza racional,
Mas existe um diálogo indispensável
Entre o homem e seu redor.

Nesta tenda bem montada,
De luzes e ruídos,
Cheiros e sentidos,
Pessoas, palavras e emoções,

Que circo é este de tantas interrogações!?