27.8.05

Romance, poesia, critica futebolística e muito mais numa noite negra para os encarnados


1.
«O senhor sabe como é. Um gajo fica um bocado fora de si. Aquilo é a emoção, é a emoção… E depois às vezes passasse um bocado. O senhor nunca chamou filho-da-puta a um árbitro? Pois é, mas que olhe que este nem isso era. Era filho-de-uma-punheta, era o que ele era, que nem de uma foda merece ter nascido. E eu é claro, passei-me. ‘Tava fora de mim. Não é que eu não tenha a culpa, senhor polícia. Não vou dizer que não fui eu. Mas que necessidade tinha o gajo de ‘tar a dizer que o árbitro esteve bem se eu próprio vi bem que não esteve? É que nem precisei de repetições, aquilo viu-se bem que foi penalty… Hã?! Ah sim? Bom, se você diz… Mas vê-se na repetição? Bem se é assim… Mas um gajo ali a quente… Eu pareceu-me penalty, mas se você diz que ele se mandou para o chão… E a sério que foi fora da área? Dois metros… Pois, também de onde eu estava… Mas seja como for, um gajo tá ali nervoso e tá outro gajo ao lado a chatear: “não jogam nada”, “são uns coxos”, “deviam era levar três ou quatro”. Epá quando os outros cabrões… desculpe… quando os outros marcaram o terceiro, eu juro que vi o gajo quase a rir-se. Um gajo que jogou comigo nos juniores e agora a fazer-me aquilo!… Não me contive. Hã?! Epá, tava fora de mim. Numa situação normal alguma vez eu conseguia estrangular o gajo com o cachecol?! Aquilo foi… foi sem querer!…»

«Sem querer, o futebol é uma óptima desculpa para nos deixarmos levar por uma emocionalidade recalcada e rude, bem como deixar vir ao de cima o que temos de mais fundo. Mais de metade dos comportamentos clubistas, aplicados à raça, ao sexo ou ao credo eram considerados comportamentos nazis. Mas é o futebol, é diferente… E o senhor juiz estava comigo a ver o jogo e também achou que era penalty. E a minha sorte foi que o senhor se conteve na última que eu bem vi como me olhou quando eu disse que não era! Por isso proponho: absolvição para o arguido deste crime que é eminentemente passional e existem muitas atenuantes.»
Pena a aplicar: não pode mais ver jogos de futebol!
«Bom… Então prefiro ir preso senhor juiz!»

2.
Se não marca um golo…
Si nã marca um gôl
Si ná mar cum gole
Si ná má cumgole
Sinama-Pongolle

O Liverpool é o anti-Abramovich! Sempre que pôde lixar a vida ao Russo, lixou. A equipa da terra do futebol, com Sinama-Pongolle, Cisse, Sissoko e outros, inclusive ingleses voltou a colocar o Reino Unido à frente do futebol europeu. Os adeptos mais nazis rejubilam! Se calhar os ingleses sempre mereceram lá estar. Só que houve uma altura, em que os adeptos é que não mereciam estar em lado nenhum.
Confirma-se: dinheiro russo, talento português e uma competência de parte incerta, não chegam. É preciso sorte e de quando em vez uma mãozinha providencial!

3.
Mas seja como for, a competência é a base de tudo. Por exemplo, o que se espera de um treinador? Antes de mais, que ganhe. Depois que saiba gerir os seus homens. E depois que seja profissional, frio e calculista nos momentos mais difíceis. Ora obviamente, assim é impossível a Mourinho gostar de Peseiro, embora o contrário tenha que ser uma realidade.

4.
Já agora, acho que o super-herói holandês ainda tem muito trabalho pela frente!

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