O Senhor dos Tabus - O Regresso do Príncipe

Nunca tantos televisores estiveram todos aos altos berros ao mesmo tempo. O D. Sebastião falou e todos ouviram. Mesmo os televisores que nunca tinham estado naquele volume, que a idade não perdoa… Ouve uma senhora velhinha que até se levantou para ir ouvir ao pé da televisão, é verdade. Houve quem viesse de muito longe só para ver ao vivo, o Regressado, em directo da sua mais imponente obra. Trouxe novas de esperança, falou de estabilidade e confiança. Até as pedras da calçada portuguesa riram e choraram de alegria. A boa moeda, inconformada, voltou para expulsar a má moeda. O espectáculo foi perfeito, os jornalistas aos saltos, excitados, mas enraivecidos com lembranças de sempre, legendaram os momentos mortos. Os outros candidatos à salvação, acompanharam em directo em directo (ao quadrado que estamos na idade dos media). E logo de seguida disseram de sua graça. Louça foi interrompido no seu eminente discurso para vermos a saída de automóvel do Príncipe retornado. Alegre tirou os óculos escuros, Jerónimo foi imperdoável (no seu intimo não percebe porque não se podem expulsar do país, ex-primeiro-ministros de direita). Soares não caiu na ratoeira circense. Mas o País está safo. O Pai autoritário que nos há-de meter na ordem voltou, qual pai pródigo. E nós gostamos, precisamos e os que mais o aplaudem serão os primeiros a maldizê-lo quando um dia ele voltar a compensar-nos com mal do que nos há-de fazer de bem.