31.5.07

Greve às coisas

O meu dia de hoje, à semelhança do que acontece, pelo menos, três vezes por semana, foi dividido entre o meio rural, onde (felizmente) resido e a urbana Lisboa, onde afazeres profissionais e de aprendizagem apelam à minha presença.
Para se situarem, sou Galego por descendência, Scalabitano por naturalidade, Alenense por parte dos avós, Alcanedense por parte dos pais, Alcanenense por parte da telescola (CPTV), Riomaiorense por defeito, Coimbrense, Coimbrão ou Cunimbricense por parte de filho, Beneditense por parte de mulher e Alfacinha por necessidade. Sou por isso um grande provinciano, um valente rural e um enorme matarruano. Sou até daqueles provincianos sem informação e educação que chegam ao pé das pessoas, e sem as conhecer de lado nenhum, são capazes da indelicadeza de as abordar com palavrões e impropérios urbanos tais como: bom dia, boa tarde ou boa noite. Sou daqueles que, mesmo não conhecendo bem as pessoas, podem proferir ofensas como: Queres ir a minha casa provar a água-pé, e dar cabo dum presunto, dum balde de azeitonas e dum pão caseiro? Sim, sou mesmo desses brutos! Que convivem com os velhos na tasca, que ouvem, que observam, que têm prazer em partilhar. Sou daqueles campónios que conhece o país mesmo depois da portagem de Alverca. Portagem essa, que no sentido sul-norte tem um cheiro de regresso a casa. O que, por incrível que pareça, nada tem a ver com a Centralcer, o Vaticano das minis Sagres. Enfim…sou um verdadeiro brutamontes.
Isto de viver no campo e ser acordado pela sinfonia dos galos e dos melros que procuram minhocas no jardim, e de ter ninhos carregadinhos de pardais de telhado, piscos ou rolas por todo o lado, é uma grande maçada! Dava tudo para acordar com o barulho dos carros e das sirenes da policia e de ter o carro e as janelas de casa todas cagadas dos pombos.
È bom andar a jogar à bola nas ruas de terra batida, mas é com toda a certeza melhor, fazer uma futebolada em plena Avenida da Liberdade aproveitando o asfalto de qualidade, ou então, jogar ao berlinde nos buracos da baixa.
Para terminar, até porque o motivo que me trouxe de regresso a este espaço foi a greve geral, depois de algumas mudanças logísticas e burocráticas que ditaram este afastamento, gostaria de dizer que até nas greves o meio rural e o meio urbano são muito diferentes. Digo isto, porque ouvi na rádio um lisboeta lamentar-se devido à falta de transportes públicos. Pois fiquem a saber que na província a greve nos transportes públicos é diária e existe desde a fundação da nacionalidade.
Experimentem viver numa aldeia na “área metropolitana” duma qualquer sede de concelho algures na província deste país, não terem carta de condução e precisarem de ir ao centro de saúde com urgência (desde que não seja depois das 20 horas), e vão ver que o melhor amigo que podem ter é o “Chofer de Praça”, vulgo taxista nas zonas urbanas, que nos conhece desde pequeninos, fala de tudo menos das condições climatéricas e ainda por cima cobra pela utilização do seu “carro de praça” ao quilometro e não à bandeirada.
Nem sei porque escrevi tudo isto, até porque vim aqui só para dizer que em Lisboa a greve trouxe mais carros para rua e menos pessoas ao trabalho e na província trouxe menos carros para as ruas e mais pessoas para os cafés.

29.5.07

Actualidades

Da fuga ao fisco
Segundo o Governo, a fuga ao Fisco deixou de ser um "desporto nacional". Esperemos que não volte a ser um "desporto de elites".

Da reunião
A primeira reunião desde 1980, entre diplomatas iranianos e norte-americanos correu bem. Desde logo, porque não cuspiram um no outro. O americano ainda tentou, mas ouviu o iraniano puxar de um escarro do deserto, e acabou por engolir o próprio muco. O iraniano, de boca cheia, ainda lançou uma fatwa ao americano, mas depois pediu desculpa. Três dias depois, o Irão prendeu três espiões irano-americanos. No que se chama, "resultados positivos".

Da cega
Os juízes do Supremo Tribunal de Justiça reduziram a pena de um pedófilo acusando o tribunal de primeira instância de valorizar em demasia os crimes sexuais. Os juízes terão acrescentado: "e então com putos de 13 anos, que, como nós sabemos bem, fazem tudo para chamar a atenção. E depois, é claro, temos que lhes abrir os olhos!"

De "com os espanhóis posso eu bem"
Nas eleições municipais espanholas, tal como nas portuguesas, também os autarcas sob suspeita não foram punidos nas urnas. Provando que já estamos tão habituados a que os políticos sejam corruptos por natureza que tanto faz se têm cadastro ou não...

Da moda nipónica
O ministro japonês da agricultura suicidou-se na sequência de um escândalo de corrupção...?! É melhor que isto não faça moda por cá. Ficávamos sem políticos... E ainda assim, para haver democracia, tem que haver alguém em quem votemos.

De uma vez por OTA
Está decidido: a OTA não vai para a frente. O País Comunicacional já decidiu e o novo aeroporto não deve ser feito na OTA. Se insistir, o governo vai ter de cair. Não há nada a fazer, é assim e acabou. Comentaristas, painelistas, comunicacionistas, editorialistas e jornalistas decidiram, está decidido. Não há OTA e nem se sabe muito bem quem é que afinal, são os otários...

Do galo
Jardim Gonçalves, armado em dono-dos-ovos, vinha a cantar de galo para reclamar o poleiro. Mas para o Pinto, "foi o canto do cisne"...

Da memória
Os velhos e teimosos jornalistas, corridos das redacções, queixavam-se que com a ausência deles se estava a perder a “memória”. Com a rotação de estagiários e jornalistas/comunicadores, as redacções agora estão a ficar com memória de peixe: só se lembram da manchete do jornal de ontem.

Coisas pedidas (e merecidas)...

Com mais de 100 mil brasileiros em Portugal, ou seja, cerca de 1% da população, podemos afirmar com a legitimidade das estatísticas que os portugueses já têm um por cento da alegria brasileira. Não chega para fazer frente aos 99 por cento de pessimismo português, mas já é qualquer coisa...


Bons exemplos brasileiros


Fernando Pinto, tem-nos feito poupar tanto dinheirinho na TAP...


Liedson, tem dado tantas alegrias, a quem tanto precisa delas...



Atendimento, (já foi melhor mas) faz toda a diferença...

Enfermeiras, só sabe quem já precisou...

Manicuras, são as melhores dizem elas... (tenho que experimentar)

Biquini, que seria de nós, pobres portugueses, sem ele?!



Picanha, as carnes brasileiras, ah as carnes brasileiras...

(Por falar em carnes) Paula Lee, a amante profissional... (as outras são amadoras!)


Chefes de cozinha...


Até os dentistas...

E até o Edson...

E finalmente. O que eu gosto nos brasileiros, é que eles vivem cá, no mesmo país que nós, mas continuam a dizer bem do país! Todos "sabemos" que é mentira, mas fica-lhes bem e eu gosto de ouvir. Afinal de contas, haja alguém que goste disto! E eles, que vieram do país “abençoado por Deus e bonito por natureza”, sabem melhor que ninguém o que é bom!

E já agora um desejo...

28.5.07

Dos justos

Ainda há pouco tempo, à igreja, iam os justos. Hoje, “graças a Deus”, os justos estão por toda a parte e muito pouco na igreja.

26.5.07

Do generation gap

Novo, inconsciente e muito vivo, dá no ecstasy como gente grande! O pai não gosta nada de ver o filho nas rave-partys, confessou cabisbaixo entre dois charros. O avô é mais efusivo e acha que a culpa é do drogado do pai. Entre dois pénaltis de bagaço, este homem rijo e alcoólico, lembra-se de seu pai, o bisavô, um homem que se borrifava constantemente com água benta enquanto depenicava umas hóstias benzidas, que lá no Céu acusa a todos de desgraça. Claro que, se perguntássemos ao trisavô, homem que passou muito, um homem tão rijo, que levou tantas da vida, que no final tinha um criado só para lhe dar umas chicotadas, diria que a culpa começava logo no seu próprio filho. O tetravô, esse, não era homem de dizer absolutamente nada. Em toda a sua vida falou apenas duas vezes: no casamento disse “aceito” e quando chegou a morte disse “presente”.

25.5.07

Da simplicidade

Percorria sempre os caminhos mais complexos para encontrar a simplicidade.

24.5.07

Portugal, Quid Juris?

ou
Portugal, Cu de Judas?

23.5.07

Da costela

Sempre que vê uma “drag queen”, daquelas perfeitas, não consegue deixar de pensar, que afinal, fazer uma mulher nem é assim tão difícil...

22.5.07

Do amor geográfico

— És a mulher que eu mais amo nesta terra...
— Hmmm!... ...Qual?
— Qual, quê?
— Qual terra?
— Então, esta?
— E dos arredores?
— Também...

— Mas desta terra ‘terra’ ou do planeta Terra?
— Epá, já fiquei mal disposto com a conversa. Nunca nada está bem para ti. Vou dar uma volta a Marte e devo vir tarde. Adeus.

21.5.07

Coisas que oiço dizer...

Depois de uma “performance” de 9 segundos, ele, vendo-a triste, disse-lhe: Não te preocupes. Acontece a todas.

19.5.07

Actualidades

Do desemprego
A taxa de desemprego atingiu o valor mais alto dos últimos 20 anos. Em Portugal, o desemprego é tão grande, que os desempregados já desistem de o encontrar. Santana Lopes, nem se fez à câmara de Lisboa...

Das coligações
António Costa mentiu acerca de ter tentado fazer coligações, quando ele próprio evitou com o PSD que as pudesse haver. Mas o que será que leva um homem inteligente a mentir?... Se ele voltar a falar disso mais à frente, se calhar é um hábito...

Dos prazos
Gosta das situações que estão correctas, porém ilegais. Sobretudo quando são os políticos a meterem-se nelas. É ridículo e patético!

Do colinho
Dizem os media que o Governo fica (mais) frágil com a saída de António Costa. O mesmo que tem “bom media”. E sempre foi um bocadinho sobre-valorizado. (Pelo que não admira se o levarem ao colo.) E que bom que vai ser, para o Governo e para Sócrates, ganhar uma eleição... E sobretudo ter o Poder Autárquico do lado dele.

Dos media
Estou absolutamente convencido e plenamente convicto que os media dizem a verdade... Objectivamente...
Só não sei onde!

Do António Costa
Na rádio, o homem podia fazer o Oceano Pacífico, por mais tempo que o original. Era entrar no registo. Na televisão, sobretudo na televisão a cores, o homem é uma lufada de ar fresco. É tão nouvelle vague como Sócrates, até porque é o lado colorido de um cinzentismo Socratista. Ainda por cima, o raio do homem é competente. Caramba. Melhor que isto, nem o Barak Obama!

Dos cegos
Em terra de cegos, quem tem olho, tem por obrigação servir de Rei.

Do Eusébio
Ainda bem que o Eusébio está melhor e vai continuar a viver por mais uns anos. Esperemos que sim. Parecendo que não, é o único símbolo nacional — e logo dos maiores — que nos lembra para o bem e para o mal do nosso passado africano. Sem ele o cenário ficava bem mais negro...

18.5.07

Dos decotes de trabalho

O decote dela incomodáva-o. Não, que estivesse sempre a tentar olhar-lhe discretamente para dentro da blusa, espreitar-lhe o soutien, discernir-lhe a forma do seio, descobrir-lhe um mamilo intumescido... Não. O que o incomodáva mesmo, era o esforço que fazia para não fazer nada disso e ao mesmo tempo concentrar-se na reunião.

17.5.07

Das celebridades

Não é difícil ser estúpido e feliz, nem é assim tão difícil ser consciente e deprimido. Difícil mesmo — e confesso que nutro por estes alguma admiração —, é ser estúpido e ainda por cima deprimido.

16.5.07

Da profundidade

Farto de ser profundo, tornou-se superficial. O problema foi que, aprofundou a superficialidade e começou a levitar. À primeira corrente de ar, nunca mais ninguém o viu.

15.5.07

13.5.07

Da insistência (feminino vs. masculino)

O que lhe custa não é tanto a ideia de ele se estar a cagar para ela, mas a ideia de que existe um homem que não a quer comer.

O que lhe custa não é tanto a ideia de ela se estar a cagar para ele, mas a ideia de que existe uma mulher que ele quer comer.

Dos defeitos

Só há uma coisa pior que descobrirmos um defeito em nós próprios. É sermos corroborados pelos outros.

11.5.07

Do cigarro

Quando se sente em desvantagem, puxa de um cigarro e acende-o insolentemente.

10.5.07

Das pessoas fala-caras

Falava, falava, falava... Falava pelos cotovelos, pelos joelhos... Só havia uma coisa que a calava de vez: um orgasmo!

9.5.07

Das curvas

Procurava sempre a mulher com as melhores curvas. E acabava sempre por despistar-se nelas...

Dos pensamentos

Pensava nela — nos seus maneirismos antiquados, nos seus requintes clássicos, no seu dramatismo em cada acto — sempre que revolvia a cuecas em busca do pénis aflito para mictar...

7.5.07

Coisas que fazem rir...

A marcha pela canábis é um pouco inglória. Os políticos já têm tantos problemas com os Gato Fedorento, que dificilmente legalizarão os charros fedorentos.

Nota: Nem sei se sou a favor da legalização. Vejamos a situação actual no nosso país:
Acesso: Fácil e generalizado. Há muitos sítios para comprar, de norte a sul e até se produz muita no país.
Qualidade: Boa/Muito boa. Para além de muita diversidade, tanto a importada, como a nacional, como os derivados são pelo menos de boa qualidade (excepto o haxixe marroquino que é de muito baixa qualidade).
Preço: Baixo. Segundo noticias recentes, temos dos preços mais baixos.
Consumo: Livre. E até vai ser mais barato do que ser apanhado a fumar tabaco em recintos fechados!
Tenho medo que legalizando, tudo se altere...

Parafraseando...

A França, hoje em dia, só nos consegue dar alguma luz quando está a arder. Como sempre...

4.5.07

Das torções

Nunca dava o braço a torcer. Por isso, o destino encarregava-se de lhos torcer. Ora um, ora outro...

Do falhanço

De manhã, falhou ao emprego. Depois, falhou ao almoço combinado. À tarde falhou a reunião. Os filhos, não foi ele buscá-los à escola. E à noite chegou tardíssimo... o anúncio da sua morte. Falhara-lhe a vida...

2.5.07

Das boas, boas...


Gosta daquelas mulheres que se consideram autênticas bonecas. E que fazem boquinha e tudo. Mas prefere as bonecas que são consideradas autênticas mulheres. Parecendo que não, fazem uma boquinha maior e saem sempre mais baratas.

Da ditamole

Qualquer bebé tem o poder mais invejado por qualquer ditador que se preze: se não fizerem o que ele quer, ele magoa-se.

1.5.07

Dos pessimistas

Na verdade, nunca chegou a ter dinheiro suficiente para ser pessimista.