10.11.04

Conversas com Arafat... continuação

E perguntei eu: Mas, oh Arafat, mas tu estás vivo ou estás morto? E ele perguntou: O que é que dizem os jornais? Vivo, respondi eu e ele disse: Bem então estou vivo. Então, mas isso é vivo, para viver, ou é vivo, para morrer? Com esta idade o que é que achas? Sei lá, disse eu, os israelitas dizem que tu és ruim e vaso ruim não quebra nunca! Disse-lhe eu, então pois!
Esconjurou-me e disse-me que a minha sorte era ele não ter ali um rocket. Que não sei quê, se eu não sabia já que não devia falar em israelitas que lhe dava vontade de se cagar. Sicossomático, dizia ele, psi, dizia-lhe eu, mas que não queria saber de economia num estado destes... Mudámos de conversa e insisti: Mas porque é que a tua gente não te desliga da máquina?... Se estás mais morto que vivo? De que vale prolongar a coisa… ou sei lá!? E ele, ficou sério, baixou a cabeça… depois riu-se muito! E não parava de rir. E eu, tive que esperar que ele se acabasse de rir sozinho, que ele tem um feitio horrível e não se lhe pode dizer nada. Quando parou virou-se para mim e disse: Então é simples. Agora atingi o pleno! O pleno? Perguntei eu. Sim o pleno! Então, os israelitas nunca souberam o que fazer comigo, nem se negociavam nem se não negociavam, se me matavam nem se não matavam… Os meus também não sabiam o que fazer comigo, se me obedeciam, se não obedeciam, se me adoravam, se me odiavam… agora nem sabem o que fazer comigo nem vivo nem morto!
Sabes Arafat? És um grande homem, mas muito complicado! Não dissemos mais nada… Depois ele cagou-se e eu perguntei-lhe: oh Arafat se tivesses arrotado era um elogia à comida, um peido é elogio a quê? É à conversa!, disse ele. Ainda não perdeu o sentido de humor…